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O pontífice se encontrou nesta segunda-feira (7) com seis vítimas | EFE/EPA/NICOLA LANESE
O pontífice se encontrou nesta segunda-feira (7) com seis vítimas| Foto: EFE/EPA/NICOLA LANESE

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Não há gesto que apague o mal sofrido

Marcio Antonio Campos, editor de Opinião e blogueiro de ciência e religião da Gazeta do Povo

Tanto no encontro com vítimas de abusos quanto nas medidas práticas para punir os responsáveis e evitar novos casos, o papa Francisco está dando continuidade à política iniciada pelo predecessor, Bento XVI. Foi Ratzinger quem tomou a iniciativa de procurar as vítimas em viagens a Malta e aos Estados Unidos, e foi durante o seu pontificado que a Igreja expulsou de suas fileiras mais de 400 padres culpados de pedofilia, informação que só foi divulgada no início deste ano.

O abuso é uma realidade horrível, e muito provavelmente não há gesto de boa vontade que possa apagar o mal cometido contra as vítimas. O que Francisco e Bento XVI estão fazendo é mostrar àqueles que sofreram nas mãos de padres abusadores que a Igreja está ao seu lado. Em uma instituição com a capilaridade da Igreja Católica, é extremamente complicado alcançar e punir todos os pedófilos, mas isso não serve de desculpa para que Roma não coloque esforços para chegar a todos os culpados. A resposta do Vaticano, para muitos, demorou demais, mas não se pode dizer que os papas estão fechando os olhos.

O papa Francisco pediu perdão em nome da Igreja a pessoas que sofreram abusos sexuais de padres. O pontífice se encontrou nesta segunda-feira (7) com seis vítimas. É a primeira vez que um papa se encontra com as vítimas do abuso.

"Eu imploro o seu perdão, também, pelos pecados cometidos pelos líderes da Igreja, que não responderam adequadamente", disse ele durante a missa com as vítimas, segundo o Vaticano.

As seis vítimas - três homens e três mulheres - não tiveram a identidade revelada. Eles participaram de uma missa na casa do pontífice e depois se reuniram individualmente com ele.

"Há tempos sinto no coração a profunda dor, o sofrimento, tanto tempo oculto, tanto tempo dissimulado com uma cumplicidade que não, não tem explicação", disse Francisco durante a missa, segundo revelou o Vaticano.

Os encontros foram todos fechados. O papa também teria pedido "desculpas" pelos "pecados e crimes graves" cometidos pelos padres pedófilos.

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse que as vítimas são dois alemães, dois ingleses e dois irlandeses. "É um passo importante em um caminho positivo de saneamento e reconciliação para o futuro", disse Lombardi.

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