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Marcha das Mulheres em Helsinki, na Finlândia | Jussi Nukari/AFP
Marcha das Mulheres em Helsinki, na Finlândia| Foto: Jussi Nukari/AFP

Após sua primeira noite na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enfrentará neste sábado (21) uma grande manifestação impulsionada por mulheres cuja convocação se espalhou como um rastilho de pólvora pelas redes sociais.

Enquanto Trump termina seu primeiro café da manhã presidencial, dezenas de milhares de manifestantes se concentrarão na capital americana para pedir mais respeito às mulheres, aos imigrantes, aos muçulmanos, aos deficientes físicos.

A “Marcha das Mulheres”, que espera reunir 200 mil manifestantes e avançar dois quilômetros pelo “National Mall”, onde Trump foi empossado como presidente na sexta-feira, é um sinal da polarização da sociedade americana.

Uma longa lista de oradores, entre os quais figuram o cineasta Michael Moore, a atriz Scarlett Johansson e a lendária defensora dos direitos civis Angela Davis, esquentará os ânimos dos manifestantes antes do início da marcha.

As cantoras Cher e Katy Perry e a atriz Julianne Moore também anunciaram sua participação.

A convocação foi acolhida fora dos Estados Unidos: milhares de australianos e neozelandeses deram neste sábado o tiro de largada da “Marcha das Mulheres”, prevista para ocorrer em todo o mundo.

Milhares de homens e mulheres se reuniram em Sydney e Melbourne, na Austrália, e em Wellington e Auckland, na Nova Zelândia, para protestar pelo desprezo que Trump demonstrou em múltiplas ocasiões pelas mulheres.

“Não estamos preocupados apenas com as mulheres”, declarou uma das organizadoras do protesto em Sydney, Mindy Freiband. “Acreditamos que muitas pessoas estão ameaçadas por este tipo de medidas”, acrescentou, em alusão a alguns dos projetos de Trump.

“Uma mensagem clara”

“A Marcha das Mulheres enviará uma mensagem clara ao mundo e ao nosso novo governo em seu primeiro dia no cargo de que os direitos das mulheres são direitos humanos”, disseram os organizadores.

Tudo surgiu com uma ideia de uma desconhecida advogada aposentada do Havaí, Teresa Shook, que cresceu como uma bola de neve nas redes sociais.

“E se as mulheres marchassem em massa em Washington durante a posse?”, perguntou. Quando foi dormir, tinha 40 “curtidas”. Quando acordou, mais de 10 mil, e a convocação seguiu crescendo.

Esta é a primeira vez em 40 anos que um presidente recém eleito tem uma popularidade tão baixa, de apenas 37%, segundo uma pesquisa da CBS News.

Embora Trump tenha vencido a eleição com os 308 votos do colégio eleitoral, Hillary Clinton o superou no voto popular, com três milhões de votos a mais que seu rival.

A derrota inesperada no dia 8 de novembro de Hillary, que esperava se tornar a primeira presidente dos Estados Unidos, foi um grande golpe para muitas mulheres.

Cerca de 225 mil pessoas confirmaram sua participação na página do Facebook da marcha, e outras 250 mil disseram estar interessadas no evento.

Ao menos 1.200 ônibus pediram autorização para estacionar perto do Mall.

Vários homens - irmãos, maridos, namorados e filhos de participantes - também devem participar do protesto.

Gorro rosa

“Apenas uma semana depois da eleição de Trump, comprei a passagem de ônibus para vir a Washington à marcha. Para mim, é uma questão de ativismo pacífico”, declarou Cecile Scius, uma manifestante de 33 anos do Queens, Nova York, que tem quatro filhos.

Como milhares de manifestantes, Scius vestirá um gorro de lã rosa com duas orelhas de gato, que foi produzido por vizinhas de seu bairro de Sunnyside e que se converteu em novo símbolo do desafio ao novo governo.

Os gorros, ou “pussy hats”, como são chamados em inglês, têm orelhas de gato: é um trocadilho, porque a palavra em inglês “pussy” tanto pode significar gatinho quanto a forma pejorativa de se referir ao órgão sexual feminino.

A palavra faz referência direta a um áudio de 2005 vazado durante a campanha eleitoral em que o futuro presidente, conhecido por sua retórica controversa e divisionista, afirma que “quando você é uma estrela, (as mulheres) deixam você fazer o que quiser. Pode agarrá-las pela buceta”.

A organização do chamado “PussyHatProject”, liderada por duas costureiras da Califórnia, declarou ter recebido mais de 60 mil gorros para a passeata.

O grande protesto é apoiado por dezenas de ONGs com valores totalmente contrários aos do presidente republicano de 70 anos. É uma mistura diversa de defensores dos direitos civis, imigrantes, muçulmanos, militantes do meio ambiente, pró-aborto, pró-métodos contraceptivos, das drogas leves, feministas, pacifistas, homossexuais, indígenas.

É apoiada oficialmente pela Anistia Internacional e pela Planned Parenthood, a maior rede de planejamento familiar do país, da qual os republicanos do Congresso querem tirar o financiamento.

Também estarão presentes representantes do movimento Black Lives Matter, uma associação especializada na denúncia de abusos policiais contra os negros.

Trezentas “marchas irmãs” serão realizadas em outras grandes cidades do país, como Nova York, Boston, Los Angeles e Seattle, assim como no exterior.

Holly Daudelan, de 24 anos, participará da marcha de Nova York em apoio à Planned Parenthood.

“Queremos mostrar que as mulheres estão unidas, que vamos ajudar umas às outras” para “defender nossa democracia”, disse esta jovem que trabalha em um blog de gastronomia e que costurou seu próprio gorro de lã rosa.

Poetas e escritores também anunciaram leituras públicas para denunciar Trump em cidades americanas e de outros países.

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