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Ex-aliados do presidente Fernando Lugo consideram que um de seus principais erros foi não ter conseguido articular a coalizão política que o levou ao poder em 2009. Na visão do ex-ministro do Interior, Rafael Filizzola, que renunciou há um ano por discordar do projeto de reforma constitucional defendido por Lugo que previa a votação de uma emenda constitucional para permitir a reeleição no país, "a crise de hoje é consequência direta de condutas irresponsáveis do presidente".

Filizzola, que lidera o Partido Democrático Progressista e continua aliado ao vice-presidente Federico Franco, do Partido Liberal Autêntico, assegurou que "a ação do Congresso não pode, jamais, ser considerada um golpe de Estado porque está sendo aplicada a Constituição nacional". O ex-ministro é primo de Carlos Filizzola, também ex-ministro do Interior, que hoje comandará a defesa do presidente paraguaio.

Chama a atenção a rapidez do processo de impeachment?Rafael Filizzola: Os deputados e senadores temem ações violentas no país e querem evitar mais mortes. Não podemos esquecer que na semana passada morreram 17 pessoas no Paraguai, não podemos permitir mais mortes. É verdade que os prazos foram breves, mas as circunstâncias são excepcionais

O governo diz ser vítima de um golpe...Filizzola: Não podemos falar em golpe quando estamos cumprindo nossa Constituição, à risca. Além disso, o impeachmet já foi utilizado no Paraguai, por exemplo, no ano passado, para destituir membros da Suprema Corte de Justiça. Também em 1999, contra o ex-presidente Raúl Cubas, que terminou renunciando antes de encerrado o processo.

Mas não é pouco tempo? Um dia apenas para que Lugo prepare sua defesa e duas horas para apresentá-la? Filizzola: Este calendário gerou polêmica, é verdade, mas, repito, os senadores temem mais violência no país.

Por que Lugo chegou a esta situação?Filizzola: Existem culpas recíprocas, é evidente, mas Lugo é o grande responsável porque nunca soube administrar a coalizão de governo. Não soube articular os diferentes partidos e terminou governo com uma facção minoritária, que não tem peso político no Paraguai. O massacre do fim de semana passado foi o estopim da crise. Mas o desgaste começou há muito tempo. Eu mesmo renunciei ao Ministério do Interior porque não estive de acordo com o projeto de reforma constitucional que pretendia implementar a reeleição no país. Lugo não cumpriu promessas de campanha essenciais, como o combate à corrupção e o desenvolvimento rural do país. O presidente perdeu suas convicções, perdeu a confiança de seus aliados e também de seus eleitores. Hoje Lugo não tem base política, e nos preocupa que um presidente que ainda tem um ano de mandato pela frente governe sem respaldo político. Está em risco a governabilidade do Paraguai.

Se Lugo for destituído Franco assumirá o poder?Filizzola: Sim, o vice-presidente deverá terminar o mandato.

Franco poderá ser candidato em 2013, como pretendia?Filizzola: Não, mas ele já havia dito que não seria candidato.

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