• Carregando...
Quando era superior dos jesuítas na Argentina, o papa Francisco protegeu leigos e religiosos perseguidos pela ditadura. | Filippo Monteforte/AFP/Getty Images
Quando era superior dos jesuítas na Argentina, o papa Francisco protegeu leigos e religiosos perseguidos pela ditadura.| Foto: Filippo Monteforte/AFP/Getty Images

O papa Francisco nomeou bispo auxiliar da diocese de Santiago del Estero, na Argentina, o padre Enrique Martínez Ossola, que nos anos 1970 ele protegeu contra a ditadura, no Colégio Máximo, em San Miguel, nos arredores de Buenos Aires. Então superior provincial dos jesuítas, Mario Jorge Bergoglio, que seria eleito papa em 2013, acolheu Martínez Ossola e mais dois jovens seminaristas enviados pelo arcebispo de La Rioja, Enrique Angelelli – o motivo oficial era para que eles aprofundassem seus estudos teológicos no renomado seminário da Companhia de Jesus.

O nome de Martinez Ossola consta na relação do livro A Lista de Bergoglio, do jornalista italiano Nello Scavo, que narra a atuação do papa Francisco em defesa de cerca de 20 padres e seminaristas perseguidos pelo regime militar argentino. Em agosto de 1976, ano seguinte à transferência dos seminaristas para o Colégio Máximo, o arcebispo Angelelli foi assassinado em uma ação camuflada como acidente de carro. Bergoglio estava no Peru e viajou imediatamente a San Miguel ao saber do assassinato. Então, o superior jesuíta revelou a Martínez Ossola e a seus dois colegas, Miguel La Civita y Carlos González, o verdadeiro motivo da transferência deles para Buenos Aires: protegê-los da perseguição dos agentes da ditadura.

“No colégio, fomos recebidos por um padre jovem, muito cordial”, disse Martínez Ossola, em depoimento ao autor de A Lista de Bergoglio. “Era o padre provincial, máxima autoridade da Companhia de Jesus na Argentina, mas no início não nos demos conta do verdadeiro motivo”,observou o novo bispo, acrescentando que Bergoglio lhe deu toda a liberdade no seminário, sem impor nem sequer horário para almoçar e jantar.

O livro de Scavo desmente as histórias divulgadas imediatamente após a eleição do papa, segundo as quais Bergoglio, mais tarde cardeal-arcebispo de Buenos Aires, apoiou a ditadura, fechando os olhos para denúncias de prisões e mortes de religiosos. Martínez Ossola continuou amigo de seu protetor e manifestou mais uma vez sua gratidão na carta que escreveu a Francisco após o início do pontificado, em março de 2013. “Bergoglio continua sendo o mesmo”, declarou, ao receber a resposta de Francisco.

Enrique Martínez Ossola, 65 anos, nasceu na cidade de Córdoba, em 3 de junho de 1952. Foi ordenado sacerdote em 1978 em La Rioja, diocese onde sempre exerceu seu ministério, como pároco em várias cidades e diretor da Junta Diocesana de Catequese e vice-presidente da Caritas. Ao ser nomeado bispo, era vigário-geral da diocese.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]