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 | André Rodrigues/Gazeta do Povo
| Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo

Como é costume dizer, parece que foi ontem, mas a formatura da primeira turma regular do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Paraná está fazendo 50 anos.

(Na verdade, passou bastante tempo, pois muito do que aconteceu daquela época para cá pode ser visto na realidade de uma sucessão de obras de tijolo, cal e concreto.)

Cidades planejadas, edifícios públicos, câmpus universitário, hospital, clubes, estádio de futebol, parques e praças, muitos prédios residenciais e comerciais são marcas perenes da contribuição de arquitetos e urbanistas dessa turma. Seguidos concursos nacionais e até internacionais de importantes conjuntos arquitetônicos foram então vencidos por equipes com participação dos arquitetos saídos da escola de Curitiba, junto com os que vieram de fora, ex-alunos e professores, todos misturados.

Aí está o bom de ser arquiteto e urbanista: o sonho se renova sempre, não termina nunca

No Rio de Janeiro, um em frente ao outro, os edifícios da Petrobras e do BNDES despontam das pranchetas de equipes que envolviam os arquitetos recém-formados e ocupam páginas dos jornais e revistas, promovendo uma arquitetura que continua atual, mesmo quando agora ilustra tristemente os desmandos da política brasileira, em julgamento pela Justiça curitibana alçada a nêmese nacional: são valores tangíveis e intangíveis nascidos da terra dos pinheirais, essas árvores que passam a figurar de modo obrigatório nas perspectivas e desenhos dos anteprojetos. São propostas inovadoras em que o brutalismo da corrente arquitetônica era suavizado pelo tratamento escultórico das estruturas em concreto aparente, hoje estudado em artigos, livros e teses de doutorado.

Fechava-se a principal rua de Curitiba para pedestres e outras ideias modernas eram implantadas, prenunciando as transformações que adviriam e mostrando aos curitibanos que o morar em uma cidade melhor pode ser concebido por urbanistas acostumados a viver nela. Eram outros tempos: no pátio do estacionamento do Centro Politécnico raríssimos carros mostravam que a indústria automobilística nacional apenas iniciava; para muito poucos, professores e alunos, ter um carro era ainda aspiração, esse vilão cuja disseminação descontrolada hoje assombra todas as grandes metrópoles.

Leia também:Cidade e memória (artigo de Jeferson Dantas Navolar, publicado em 25 de fevereiro de 2013)

Leia também:Urgente: mudança de rumo das cidades (artigo de Carlos Sandrini, publicado em 1.º de julho de 2016)

Estudava-se muito, nas salas de aula e fora delas, com alunos sentados nos gramados sendo mentes abertas, ávidas por criar, buscando analisar, discutir, absorver formas dos projetos desde os templos gregos até Brasília, então recentemente inaugurada, com os luminares da arquitetura mundial e nacional fazendo o papel de dispensadores do maná celeste.

Tudo era sonho, os grandes projetos que viriam, o espaço da cidade que se organizaria. E aí está o bom de ser arquiteto e urbanista: o sonho se renova sempre, não termina nunca.

Sim, caros colegas, parece que foi ontem.

Vicente de Castro é arquiteto e urbanista diplomado em 2 de junho de 1967.
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