• Carregando...
 | Patricia de Melo Moreira/AFP
| Foto: Patricia de Melo Moreira/AFP

Com a recente condenação do ex-presidente Lula, discussões foram travadas, algumas sob o ponto de vista ideológico, outras sob o olhar socioeconômico. Mas, afinal, o que esta decisão traz como mensagem principal?

Poderíamos apenas replicar partes da sentença do juiz Sergio Moro, em especial aquela que diz que “ninguém está acima da lei”. Mas o objetivo deste artigo não é entrar nos pormenores jurídicos da decisão, nem nos efeitos políticos da sentença condenatória. Queremos abordar o que entendemos que esta decisão pode trazer de mensagem para o Brasil e para aqueles que acreditam e investem no país.

O boom econômico vivido na época do governo Lula e em parte do governo Dilma conseguiu abafar medidas de cunho ideológico-partidário que afetaram o país e que, agora mais do que nunca, obrigam toda a população a pagar uma dívida nunca vista antes na história do Brasil. Só para dar um exemplo, as várias decisões da ex-presidente Dilma no setor elétrico trouxeram uma instabilidade sem precedentes e, como é sabido hoje, uma conta bilionária de ao menos R$ 62,2 bilhões – valor que deverá ser pago pelos consumidores em suas faturas nas contas de energia até 2025.

O Brasil continua sendo um mar de oportunidades a serem exploradas

Quando não temos mais um cenário em que um cartel de construtoras domina todas as obras públicas, temos empresas estrangeiras dispostas e aptas a operar as obras de infraestrutura. Quando ideologias e benesses aos amigos do rei estão sendo objeto de ações penais, condenações e prisões, aliado a um movimento de discussão e aprovação de reformas – trabalhistas e previdenciárias, por exemplo –, os investimentos poderão ser destravados.

Em janeiro, US$ 11,5 bilhões ingressaram no país direcionados para o setor produtivo, um recorde para o mês. Comparado com janeiro do ano passado, o volume de investimentos estrangeiros mais que dobrou, crescendo 111,3%. Esses indicadores motivam o país a trabalhar em agendas que permitam o aumento do Índice de Confiança do Investimento Externo Direto e a reconquistar o grau de investimento, adquirido em 2008 e perdido em 2015. Se tudo isso acontecer, o mercado de ações no Brasil pode voltar a crescer.

Leia também:Sentença traz fartas provas da corrupção de Lula (editorial de 12 de julho de 2017)

Leia também:A condenação que pode libertar o país (artigo de Paulo Martins, publicado em 14 de julho de 2017)

Em 2016, tivemos dez operações no mercado de ações que movimentaram R$ 10,6 bilhões, mas somente delas foi um IPO de fato: a abertura do capital da Alliar, da área de saúde. Vale lembrar que este IPO foi o primeiro em 15 meses. Para 2017, estimativas apontam para um número entre 15 a 40 ofertas, as quais dependem muito do capital dos investidores estrangeiros – na oferta da Azul, por exemplo, 80% das ações foram compradas por estrangeiros.Também por isso, a agenda de reformas e uma nova postura do Brasil para com empresas, empresários e gestão da economia precisa ser diferente – e melhor.

O Brasil continua sendo um mar de oportunidades a serem exploradas. Há muito espaço para investimentos nos mais diversos setores, como infraestrutura, saúde e educação. Acho que falta pouco para virarmos por completo uma história de uma economia de compadres para uma economia competitiva e de livre mercado. Quando tudo isso acontecer, o nível de emissão de títulos, públicos e privados, aumentará de forma significativa e apenas um dos indicadores do retrato do país que merecemos. Neste dia, lembraremos da sentença do juiz Sergio Moro como um marco da redenção do Brasil.

Rodrigo Valverde é advogado e professor convidado da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]