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| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Os escândalos de corrupção atrapalharam – e muito – o ano de 2017, que prometia ser de retomada da economia. Mesmo assim, a tendência de melhora nos negócios registrados no mercado imobiliário deve ser comprovada no fechamento do segundo semestre.

A demanda por imóveis novos diminuiu. O mercado de imóveis é complexo e, quando ocorre a retração na comercialização de imóveis novos, os usados também são afetados, e vice-versa. Mas se ainda não são realidade, as boas perspectivas podem ser explicadas pelo conjunto de medidas econômicas que estão sendo aplicadas. A inflação está sob controle, os juros recuam, as taxas de desemprego estão diminuindo e os preços de imóveis apresentam estabilização: tudo isso representa otimismo no setor imobiliário.

Certo é que o mercado vai voltar a crescer quando os preços começarem a dar indícios de que vão subir. Neste momento, os compradores de casas próprias e principalmente os investidores direcionarão seus recursos na aquisição de imóveis.

A taxa de desemprego é um dos fatores mais decisivos para o mercado imobiliário

Os indicadores da economia interferem diretamente no segmento imobiliário. A taxa de juros tem sido reduzida sistematicamente, porque a inflação está controlada e dentro da meta do governo. O mercado prevê inflação entre 4% e 4,5% ao ano. No começo deste ano, a previsão era de 5,07%.

Isso comprova, de forma bastante clara, que as perspectivas para o mercado imobiliário no segundo semestre são muito otimistas. Essa situação reflete diretamente no poder e na disposição de compra dos consumidores brasileiros e torna a compra destes bens mais atraente. A expectativa é de que, ainda este ano, o PIB brasileiro cresça em torno de 0,4% a 0,5% e o mercado está bastante animado com a possibilidade. Pode ser um “pibinho”, mas, se for positivo, poderá ser o início da retomada.

Outro indicador que é preciso ressaltar é o nível de emprego. Com o crescimento do PIB, é natural que a geração de empregos aumente. Com mais pessoas empregadas, aumenta o numero dos que têm condições de conseguir crédito e adquirir um imóvel, fazendo a economia girar e o mercado de imóveis crescer. A taxa de desemprego é um dos fatores mais decisivos para o mercado imobiliário, já que dificilmente uma pessoa sem trabalho ou insegura em relação ao seu emprego irá cogitar comprar um imóvel ou se mudar de casa.

Leia também:  Distratos: sem vilões nem mocinhos (artigo de Claudio Hermolin, publicado em 23 de julho de 2017)

Leia também:O crescimento do PIB (editorial de 4 de agosto de 2017)

Já é possível fazer uma análise positiva de 2018, levando em conta o anúncio recente, por parte do governo, das novas regras para o programa Minha Casa, Minha Vida, embora ainda não para este ano. O setor imobiliário leva em conta se as pessoas estão mais cautelosas quando têm de decidir se vão comprar um imóvel. Trata-se de um bem de valor alto, que compromete a renda das pessoas ou mesmo da família: uma aquisição de longo prazo.

Por essas razões, o mercado imobiliário demora mais para reagir ao momento da economia. Assim, quando a economia volta a registrar crescimento, primeiro os setores de bens de consumo leves e duráveis se aquecem. Só depois que a estabilização se consolidou o mercado imobiliário começa a ser ativado. Ou seja, ele é um dos últimos a serem beneficiados com a recolocação da economia nos trilhos do desenvolvimento.

Mas, infelizmente, o governo é claudicante, porque ao mesmo tempo em que alarga o espectro do MCMV a Caixa Econômica Federal (responde por volta de 70% dos financiamentos imobiliários) também diminui o limite de financiamento de imóveis novos e usados.

Bence Pál Deák é economista e advogado especializado em Direito Imobiliário.
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