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| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Apesar da tendência de melhoria no cenário econômico brasileiro nos próximos anos, um crescimento robusto e duradouro do país nas próximas décadas passa necessariamente pela elevação da produtividade no setor privado. Comparando a produtividade brasileira com a de países desenvolvidos, identificamos dois grupos de obstáculos: barreiras demográficas e econômicas, e barreiras estruturais.

O primeiro grupo está relacionado à baixa renda per capita e ao baixo custo de mão de obra, que favorecem a produção de produtos com baixo valor agregado e desestimulam maior volume de investimento em produtividade. O efeito destas barreiras tende a ser amenizado com o desenvolvimento econômico do país, ao contrário do segundo grupo. Barreiras estruturais são formadas por entraves históricos brasileiros e incluem, por exemplo, alta informalidade, instabilidade e protecionismo econômico, além de infraestrutura inadequada.

O Brasil está se tornando rapidamente uma nação digital, o que nos oferece um sólido ponto de partida

Comparando diferentes setores, percebe-se que a abertura do mercado para a competição internacional alavanca a produtividade desses setores. O desempenho da Embraer pode ser citado como um exemplo: empresa criada pelo governo em 1969, foi perdendo envolvimento com o Estado aos poucos, até ser privatizada em 1994. Investimentos no desenvolvimento de talentos para criação de estrutura de pesquisa e inovação garantiram base sólida para a redução gradual de barreiras protecionistas e hoje a empresa compete por contratos em condições igualitárias com players globais.

Alavancas adicionais para ganho de eficiência estão relacionadas à intensificação de soluções digitais e maior processamento de informações existentes. O Brasil está se tornando rapidamente uma nação digital, o que nos oferece um sólido ponto de partida. O acesso à internet quadruplicou na última década e aproximadamente 50% da população tem acesso online regular, sendo que mais de 30% da população é usuária do Facebook, exemplo claro da adoção digital na população brasileira. Uma porção crescente do mundo está sendo transformada em formatos digitais, emergindo soluções para e-commerce, troca de informação, colaboração e finanças. Empresas e empreendedores têm cada vez mais acesso à economia global por meio dessas ferramentas e o Brasil precisa acompanhar essa tendência.

Além de cada vez mais digital, vivemos em um cenário com volumes crescentes de informações sendo geradas, sendo que em muitos casos elas não são capturadas ou, quando o são, apenas uma fração é processada e utilizada. É inevitável que as decisões de negócio migrem progressivamente para um modelo em escala altamente orientado por dados. No setor de óleo e gás, por exemplo, existem locais de extração com cerca de 300 sensores instalados no fundo dos poços, enviando dados a taxas de gigabits por segundo, possibilitando maior controle e planejamento da produção.

A tarefa de levar o Brasil para patamares superiores de produtividade depende de diversas dimensões, desde a eliminação de barreiras estruturais até uma maior imersão no fluxo de ideias e inovações globais. A adoção dessas alavancas aproximará o setor privado das melhores práticas e fornecerá suporte para um maior crescimento do país nas próximas décadas.

Pedro Guimarães é líder da McKinsey na Região Sul. Cassio Boone é consultor da McKinsey na Região Sul.
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