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Em 27 de agosto de 1962, a Psicologia foi regulamentada como profissão no Brasil pela Lei n.º 4.119/62 e, desde então, nesta data comemora-se o aniversário da Psicologia. Entre as atribuições do trabalho de psicólogas e psicólogos citados naquela lei, algumas nos saltam aos olhos, como “solução de problemas de ajustamento” e “orientação e seleção profissional”. Isso nos mostra não apenas o quanto a profissão avançou mas também como a sociedade mudou.

Em 2016, a demanda das pessoas se afasta da adequação às expectativas da sociedade, assim como as demandas das organizações não estão apenas relacionadas a encontrar o profissional para um cargo disponibilizado. Hoje, a busca é pela qualidade de vida, por experiências positivas, pela sustentabilidade, pela igualdade de oportunidades. A Psicologia, neste cenário, surge como uma disciplina e como uma profissão capaz de acolher essas demandas, problematizá-las e, em parceria, trabalhá-las.

O trabalho de psicólogas e psicólogos como psicoterapeutas é amplamente conhecido e aceito. Podemos dizer que cada pessoa é um universo em si, com seus mistérios, seus desejos, seus segredos, seus sofrimentos. Quando uma pessoa passa a se conhecer e a se respeitar, todas suas relações são influenciadas: com amigos, no trabalho, na família.

Apontamos também que cada pessoa tem algumas características que estão em potencial, que só passa a conhecer caso haja alguma mudança na vida: uma nova oportunidade de emprego ou uma doença podem nos fazer desenvolver aspectos pessoais inesperados e surpreendentes. Cada pessoa é um potencial transformador de si e do mundo.

A Psicologia dispõe de técnicas e teorias para promover equilíbrio nas relações familiares: manejo parental, terapia de casal ou familiar são alguns exemplos. As pessoas querem promover valores singelos como o respeito aos mais velhos, passar mais tempo com os filhos, aproveitar o lazer com quem se ama. Por outro lado, a Psicologia oferece recursos para compreendermos e construirmos políticas contra a violência doméstica ou para sustentar o casamento livre de qualquer casal que se ame.

Nos ambientes de trabalho, conhecemos os efeitos que uma liderança positiva na produção de uma empresa. Esses aspectos perpassam o desenvolvimento de inteligência emocional e controle do estresse. Entretanto ainda temos desafios, como criar ambientes que inibam o assédio moral e alcançar a igualdade de oportunidades e salários entre homens e mulheres.

Neste aniversário da Psicologia, convidamos a uma reflexão sobre quais são os caminhos que queremos seguir, pessoal e profissionalmente, e também para a sociedade

Se, contemporaneamente, temos a expectativa de aproveitar a vida plenamente, encontramos um limite entre o desfrutar da individualidade e as necessidades coletivas. Nem sempre reconhecemos nossa responsabilidade pelos nossos desejos e muitas vezes não temos dimensão do potencial transformador que possuímos.

De maneira mais abrangente, podemos pensar no momento conturbado pelo qual passa nosso país. Muitas vezes reivindicamos os direitos que parecem ser tomados de nós a cada dia – segurança, educação, trabalho. Este país é deles ou é nosso? Para entendermos essa situação, recorremos a economistas ou a cientistas políticos, mas cabe uma provocação aos meios de comunicação, aos legisladores e juristas sobre a contribuição da Psicologia e sobre sua leitura do social. Ainda temos muitos aspectos subjetivos e sociais a compreender. Síndrome de vira lata? País do futuro?

Neste aniversário da Psicologia, convidamos a uma reflexão sobre quais são os caminhos que queremos seguir, pessoal e profissionalmente, e também para a sociedade. Podemos e precisamos afirmar as múltiplas expressões da subjetividade e oportunizar a criatividade pessoal, política e corporativa. Sabedores de que somos potenciais transformadores de nós mesmos e da nossa sociedade, contamos com a Psicologia para enfrentarmos o desafio.

Bruno Jardini Mäder é psicólogo e compõe a diretoria do CRP-PR como Conselheiro Tesoureiro.
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