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| Foto: Nelson Almeida/AFP

O julgamento e a condenação do ex-presidente Lula pelo TRF4, em Porto Alegre, foi o ápice de um processo que o Brasil vive, e sofre, desde o começo do segundo mandato de Dilma Rousseff. E, ao deixarmos de lado as motivações e emoções que cercaram todos os lances desse processo, alguns espetaculares, outros lamentáveis, podemos retirar a grande lição que deve perdurar por anos e anos e mudar a vida brasileira: a Lei de Gerson – aquela que nunca foi, de fato, uma lei, mas traduziu o comportamento nacional em sua essência – precisa ser revogada e extirpada definitivamente.

Ao se defender e praticar a máxima de que, pessoalmente, deve-se levar vantagem em tudo, entramos no caminho perigoso de que os fins justificam os meios. E, a partir daí, podemos praticar a pequena corrupção – como burlar uma lei de trânsito ou sonegar o imposto anual. E, se passamos a conviver com o delito em miniatura, sem perceber a gravidade do fato, abrimos um vasto campo de ilicitudes em escala, que vão abranger todos os setores e instituições do território nacional. Até cairmos, como aconteceu nos últimos anos, no terreno pantanoso das relações público-privadas, onde tudo é permitido em nome de se manter no poder pela ideologia professada.

A Lei de Gerson traduziu o comportamento nacional em sua essência

E não se interrompe esse círculo vicioso e viciado sem traumas sociais, como vemos agora no Brasil. Penso que a hora, mesmo dramática, pode ser boa para que cada brasileiro repense a sua própria Lei de Gerson, seu limite para a decência e , a partir do respeito ao público e ao privado por decisão pessoal, venha a ser um cidadão de boa fé, confiável e exemplar.

A grande renovação nacional se dará pelas mãos dessa geração, que viveu os traumas da decepção, não apenas pelas ações nefastas dos governos petistas, mas por ter a visão clara de uma classe política, de todos os tons partidários, que se locupletou e avançou todos os sinais da imoralidade.

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É uma geração que está preparada para votar em outubro de 2018 para eliminar o jeitinho, a vantagem em tudo, a comissão dos 10%, 20% ou muito mais. O desafio é encontrar, entre a massa de candidatos que se apresenta, aqueles que encarnam esse pressuposto de transformação, as lideranças verdadeiramente comprometidas com essas mudanças. Temos, até as eleições, um bom tempo para pensar, escolher e não errar. É o exercício básico da democracia. Vamos a ele.

Marcos Domakoski,
ex-presidente da Associação Comercial do Paraná, é presidente do Movimento Pró-Paraná.
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