• Carregando...
 | Marcelo Camargo/Agência Brasil
| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A greve dos caminhoneiros, que paralisa o país, deixa o governo Michel Temer estupefato, mais do que isso, encurralado e já sacrifica as classes produtoras paranaenses. É inaceitável que um governo, que conta com tantos aparatos de informações internas e de acompanhamento minuto a minuto dos fatos que atingem o mercado internacional, tenha sido surpreendido por um movimento do qual ninguém tinha conhecimento nem da dimensão, nem dos problemas que causaria para toda a sociedade.

Como Estado produtor de alimentos que somos, ainda não conseguimos avaliar, com profundidade, o resultado que este movimento nas estradas vai causar na nossa economia. Estamos em plena crise, o impacto ainda acontece, mas já podemos dizer que vamos pagar um preço alto. Qualquer interferência direta na comercialização dos nossos produtos, desde o embarque em Paranaguá – que paralisou praticamente todas as atividades portuárias – até a demora para a entrega ser feita aos nossos importadores, atinge diretamente o bolso do produtor e de toda a cadeia produtiva.

Vivemos um momento grave no Brasil. E a sensação de insegurança que atinge a todos é fruto da desconfiança que o próprio Governo causou, por três motivos: 1) foi surpreendido pela greve; 2) demorou a tomar uma atitude e 3) quando decidiu agir, não contou nem mesmo com o apoio da própria base aliada no Congresso. 

A indiferença do setor político para com as dificuldades da população é mais um dado do descontrole pelo qual passa o país nesse momento

A indiferença do setor político para com as dificuldades da população é mais um dado do descontrole pelo qual passa o país nesse momento. O presidente do Senado, Eunício Oliveira simplesmente deixou Brasília em direção ao seu Estado natal. O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, faz as vezes de primeiro ministro do governo Temer, no papel de quem pretende se colocar na disputa presidencial.

E a Petrobras é um capítulo à parte neste processo: seu presidente, Pedro Parente, fixou-se nos números e no mercado internacional, como se a maior empresa brasileira fosse um corpo à parte do país, sem qualquer vínculo ou responsabilidade para com os brasileiros. Como ex-diretor da nossa Copel, a maior empresa paranaense, tive a oportunidade de acompanhar projetos e tomadas de decisão onde nunca se perdeu de vista o componente humano e o interesse estratégico do estado. Assim como a Copel, a Petrobras é indutora do desenvolvimento brasileiro, e sua trajetória, em qualquer circunstância, deve se inserir no presente e no futuro em benefício do País.

Leia tambémGasolina e diesel: os preços são justos? (artigo de Adilson de Oliveira, publicado em 23 de maio de 2018)

Opinião da GazetaOportunidade perdida (editorial de 24 de maio de 2018)

O governo se mostra incapaz de responder ao desafio ao qual está submetido pela greve de uma categoria que responde pelo abastecimento em todas as regiões. Não vamos debater aqui os equívocos de planejamento de transporte que estamos assistindo há mais de 30 anos. Nem mesmo trazer a super carga tributária à qual os brasileiros são submetidos.

Como representantes da sociedade civil organizada, temos que buscar sugestões e levá-las aos nossos representantes políticos. Não há outra saída. Cada entidade deve pensar e repensar numa solução para que o país retome o caminho de um mínimo de equilíbrio econômico até que um novo Governo assuma o comando e esteja fortalecido o suficiente para promover as reformas necessárias que todos os brasileiros reivindicam há décadas.

Até lá, a travessia não vai ser fácil. Mas é preciso colaborar e perseverar.

Marcos Domakoski
 
é presidente do Movimento Pró-Paraná.
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]