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| Foto: Gali Tibbon/AFP

Israel se prepara para deixar a Unesco – a agência da ONU para educação, cultura e ciência –, agora que os Estados Unidos decidiram sair do organismo. Uma maioria fixa, formada por países islâmicos do Oriente Médio, do Extremo Oriente e da África, integra o corpo eletivo que, somado aos votos de grande parte dos países do chamado Terceiro Mundo, se posiciona automaticamente contra os Estados Unidos, aliados da única democracia do Oriente Médio, Israel. Há anos a Unesco tem atitudes francamente contrárias àquele país.

Com a saída dos EUA não haveria como Israel continuar. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que a Unesco se tornou um “teatro do absurdo porque, em vez de preservar a história, ela a distorce”, e congratulou-se com a decisão de Trump.

A discriminação a Israel pela Unesco, segundo A. J. Caschetta, acadêmico do Rochester Institute of Technology e membro do Fórum do Oriente Médio, apaga, nega e encobre a história. “Uma instituição cujo lema é ‘construir a paz nas mentes de homens e mulheres’ certamente seria uma influência positiva no Oriente Médio. Porém, é o inverso. Ela é a ponta de lança da agressividade da ONU contra Israel”, diz ele.

A Unesco tem se esforçado em apagar a história judaica na Terra Santa

Caschetta explica que a agência tem se esforçado em apagar a história judaica na Terra Santa. E faz isso ignorando os milenares nomes originais em hebraico dos locais em Israel e substituindo-os por nomes árabes mais recentes. Refere-se ao Monte do Templo (do Templo de Salomão) como “Haram al-Sharif” e ao Muro das Lamentações como a Praça Al-Buraq (”Buraq” sendo o mítico cavalo voador com a cabeça de mulher que a tradição islâmica diz ter levado Maomé para uma visita ao céu). Esse fenômeno tornou-se conhecido como a Negação do Templo.

Miriam Elman, professora de Ciências Políticas da Syracuse University, chama de “uma tentativa de usurpar a história judaica” as declarações do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco negando os vínculos judaicos com a Caverna de Machpelah e a Tumba dos Patriarcas Judeus na Cidade Velha de Hebron (chamada pela Unesco de “Al Khalil”). Em julho, a agência apagou o judaísmo tanto da Cidade Velha quanto da tumba, declarando-os “partes da Palestina”.

A Unesco incluiu antigos lugares históricos judaicos em segurança e sob o controle israelense em sua lista de “Locais do Patrimônio Mundial em Perigo”, retratando os cuidados e a manutenção dos sítios sagrados – tanto para judeus como para muçulmanos e para cristãos – como “tentativas de destruir a herança islâmica”. Em abril de 2016, acusou Israel de plantar “falsos túmulos judaicos” em Jerusalém, Belém e Hebron. Em 2012, aprovou um pedido da Autoridade Palestina para listar a Igreja da Natividade, em Belém, como um Patrimônio Mundial em extinção devido a “ostensivas ameaças israelenses”.

Leia também:  O Brasil contra Israel e a história na Unesco (artigo de Alexandre Nigri, publicado em 21 de outubro de 2016)

A Unesco ignora os ataques palestinos que ameaçam os locais históricos judeus e cristãos que não estão sob o controle israelense. O túmulo de José, em Nablus, foi incendiado por palestinos em 2000 e novamente em 2015. O túmulo de Raquel, em Belém, tem sido alvo de numerosas ações de destruição, incluindo um incêndio em setembro de 1996 e explosões em 10 de abril de 2005 e em 27 de dezembro de 2006. Em 2010, a Unesco declarou que o túmulo da matriarca Raquel era a mesquita Bilal ibn Rabah.

Em 2002, terroristas palestinos se apoderaram da Igreja da Natividade, em Belém, e mantiveram os monges reféns por 39 dias, disparando armas contra soldados israelenses, que eles sabiam muito bem que respeitariam a antiga igreja em vez de reagir. Os terroristas trataram o lugar sagrado para os cristãos como se fosse uma latrina da OLP. Quando finalmente negociaram sua retirada, roubaram objetos religiosos e deixaram para trás bombas, armadas para explodir quando tocadas.

Leia também: Israel perde a guerra para o marketing da morte (artigo de Antonio Carlos Coelho, publicado em 28 de julho de 2014)

O braço da ONU que deveria se dedicar à educação e cultura acoberta o terrorismo. Em 2012, financiou a cadeira de Astronomia e Astrofísica na Universidade Islâmica de Gaza. De acordo com Israel, o Hamas usa a universidade como “depósito de armas e local secreto para reuniões de líderes militantes e emprega os laboratórios para desenvolver e produzir explosivos e foguetes”.

Após a Unesco admitir a Palestina como membro, em 2011, a administração Obama cortou a contribuição financeira americana e Israel fez o mesmo. Esperava-se, com isso, uma reforma que a fizesse retornar ao caminho para o qual foi criada, superando a obsessão em apagar o vínculo judaico com a Terra Santa. Os EUA, como principais doadores, concluíram que os esforços para a reforma deram em nada e decidiram abandonar a organização que se desviou de seus propósitos e escolheu falsificar a história.

No entanto, ainda resta a esperança de que a Unesco retome seus bons e verdadeiros objetivos, evitando que outros países também deixem a organização e, talvez, trazendo de volta Israel e os Estados Unidos.

Szyja Lorber, professor e jornalista, assessora entidades da comunidade israelita do Paraná. Ari Zugman é empresário e presidente da Federação Israelita do Paraná.
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