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 | George Gianni/Fotos Publicas
| Foto: George Gianni/Fotos Publicas

A situação política do país é, sem dúvida, extremamente preocupante, não apenas no presente como essencialmente para o futuro quanto a mudanças e recuperação dos princípios básicos e dos valores perdidos nos últimos tempos. As incertezas podem levar a escolhas equivocadas e a mais um período desperdiçado na condução do Brasil a um sólido caminho para o desenvolvimento geral.

Estamos a praticamente um ano da eleição presidencial. Que perspectiva os brasileiros podem ter? Que liderança existe no cenário atual capaz de devolver ao povo a esperança de novos tempos? Estão aí postos os mesmos, sem renovação, todos desgastados, quando não envolvidos em escândalos. São raríssimas as exceções, e mesmo estas não têm um grande e confiável programa de restauração geral que fascine o eleitor.

As opções serão niveladas por baixo, não haverá possibilidade de escolher o melhor

Por tudo o que tem acontecido de negativo, vemos um quadro de amplo desgaste dos políticos. Falta um líder de credibilidade e isso deixa o eleitor desorientado e o povo revoltado. A eleição presidencial se aproxima e a descrença aumenta. Para compreender a real gravidade da situação, é suficiente analisar a abrangente pesquisa de opinião pública feita e divulgada pelo Instituto Ipsos há cerca de uma semana. Os resultados envolvem tópicos bem variados, mas, para o propósito desta análise, basta pinçar o que mais diretamente interessa: a avaliação pública dos nomes que estão no cenário, prontos para disputar a Presidência da República.

O grau de desaprovação, de rejeição eleitoral, é altamente negativo. Entre os potenciais candidatos, a rejeição de Aécio Neves é de 91%; de José Serra, 82%; de Geraldo Alckmin, 73%; de Lula, 66%; de Marina Silva, 65%; de Ciro Gomes, 63%; de Jair Bolsonaro, 56%; e de João Dória, 52%. Outro nomes, que dificilmente serão candidatos, mas exercem algum grau de liderança, também sofrem forte rejeição junto aos brasileiros: Michel Temer (93%), Fernando Henrique Cardoso (73%), Dilma Rousseff (79%), Rodrigo Maia (72%) e Henrique Meirelles (62%).

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Lamentavelmente, é com um elenco desses, já prévia e significativamente rejeitado, desaprovado pela população, que os eleitores brasileiros terão de lidar na próxima eleição para presidente. As opções serão niveladas por baixo, não haverá possibilidade de escolher o melhor e a decisão acabará recaindo sobre o menos pior. O resultado disso será, quase que com certeza, desastroso. A menos que em tão pouco tempo ocorra o surgimento de um novo e adequado perfil, algo bastante improvável na política brasileira.

Resumindo, as expectativas são preocupantes e as perspectivas, sombrias para o país. Essa situação coloca enorme responsabilidade sobre os eleitores, que terão de analisar muito bem os pretendentes à disputa presidencial, pois o terreno político, da forma como se apresenta, é propício ao surgimento de aventureiros populistas ainda não percebidos porque, hoje, estão fora do radar eleitoral. “Talvez o discurso antissistema se transforme em uma vantagem eleitoral”, conforme observa um analista político. Há evidente necessidade, e a pesquisa deixa isso bem claro, de reconstrução e renovação; o eleitor, o cidadão, precisa estar realmente preparado, pronto para isso. Como disse um professor de Ciências Políticas, a bola está com o eleitor.

Luiz Carlos Borges da Silveira, empresário, médico e professor, foi ministro da Saúde e deputado federal.
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