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| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Na manhã do dia 30 de junho de 1908, numa região remota e desabitada da Sibéria, no vale do rio Tunguska, uma grande explosão, com potência aproximada de 185 vezes a bomba atômica de Hiroshima destruiu uma área equivalente a 2.150 km2. Cerca de 8 milhões de árvores foram derrubadas em sentido radial e queimadas, indicando onde teria sido o centro da explosão. Relatos tomados 13 anos mais tarde em cidades distantes explicam que o céu ficou iluminado por vários dias devido à um grande incêndio. O abalo sísmico produzido por essa explosão teria sido registrado por sismógrafos na Inglaterra.

A primeira expedição científica conseguiu chegar no local somente no ano de 1927. Os cientistas registraram em fotos o estrago causado, mas não encontraram nenhuma evidência do que poderia ter causado tal destruição. Nenhum fragmento de rocha, nenhum vestígio de artefato, nenhuma cratera, nada!

Hoje acreditamos que um fragmento de cometa, com cerca de 36m de diâmetro e com velocidade de 53 mil km/h teria entrado em contato com a atmosfera da Terra. Como cometas são constituídos basicamente por gás congelado, ao atritar com os gases da nossa atmosfera, esse fragmento teria atingido uma temperatura de 24 mil graus Célsius e explodido a uma altitude de 6km da superfície.

Em 07 de dezembro de 2016, as Nações Unidas proclamaram o dia 30 de junho como o Dia Mundial do Asteroide, com o intuito de alertar e esclarecer a população sobre os perigos de um novo choque como esse e quais as consequências, caso se desse sobre uma área populosa

O Sistema Solar está repleto de objetos rochosos, metálicos ou formados de gás e água congelados com tamanhos iguais ou maiores como o que atingiu a região naquele ano, alguns dos quais passam periodicamente pertos da Terra. Foram choques como esses que formaram o planeta Terra e todos os outros planetas, num processo que chamamos de acreção. Esse processo ainda não acabou. Apesar de ter diminuído muito sua intensidade em relação ao que era no início da formação do Sistema Solar, ainda hoje, centenas de toneladas de material meteórico entram na atmosfera da Terra todos os dias. A maioria, do tamanho de pequenos grãos de areia, se queima nesse processo, dando origem a fenômenos chamados de meteoros.

De todos os objetos que se aproximam da Terra, o Apophis é o mais vigiado. Com 1050m de diâmetro, em 2029 ele passará perto da Terra, mas será em 2036 que ele chegará na sua maior aproximação, a apenas 29 mil quilômetros do nosso planeta. Para se ter uma ideia do que isso significa, os satélites geoestacionários orbitam a Terra a uma altura de aproximadamente 36 mil quilômetros. As chances de impacto são de uma em 250 mil.

O mais perigoso, no entanto, foi descoberto recentemente: é o 1950 DA. Com aproximadamente 1000m de diâmetro, em 2880 ele passará tão perto da Terra que a chance de colisão é de uma em 300. Caso isso venha a acontecer, provocará uma destruição tal que pode levar a extinção da vida humana.

João Carlos de Oliveira é físico e professor de Astronomia do FTD Digital Arena
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