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A polêmica gerada em torno do fato de que dias atrás, numa escola municipal de Agudos dos Sul, próximo a Curitiba, uma professora forneceu desenhos pornográficos para serem coloridos por crianças com 8 ou 9 anos permite algumas reflexões. O fato em si pode ser visto como um caso isolado, mas num contexto do colapso da educação no Brasil. A atitude da professora não está inserida em qualquer plano ou iniciativa pedagógica ligada à educação ou deseducação sexual para crianças, muito menos a ideologias ou orientações religiosas. Ela simplesmente baixou da internet um desenho e o forneceu às crianças, apenas para preencher o tempo. Se houver alguma estrutura de coordenação pedagógica nessa escola, é mera formalidade.

Então fica evidente que não há qualquer orientação, planejamento ou estratégia para educar crianças. O fato de os alunos colorirem um desenho que poderia conter imagens de contos de fadas, de animais ou pornográficas não tinha qualquer relação com um plano educacional. No máximo, serviria para desenvolver a técnica de pintar, desperdiçando a oportunidade de explorar o conteúdo que as figuras pintadas poderiam inspirar e contribuir para a educação dessas crianças. Essa professora não deve saber a razão dos desenhos para colorir.

A educação sexual nas escolas será sempre enviesada por orientações ideológicas ou por interesses

Esse episódio permite extrapolar seu caráter pontual, e trazer à tona a questão da educação sexual nas escolas. Será que professores e coordenadores pedagógicos têm preparo e capacidade para lidar com temas relacionados a sexo? Será que só em Agudos do Sul coordenadores e professores são tão despreparados? Ou seria algo muito comum em escolas, principalmente nas públicas, mas não restrito a essas, que estão por todo o Brasil, num sistema educacional em ruínas?

Educação sexual não é um tema absoluto. Pelo contrário, depende das orientações morais que emergem de cultura, valores, princípios, fundamentos religiosos e demais crenças próprias de cada família. Mesmo com educadores competentes não seria possível manter a isenção e equidistância da diversidade que caracteriza as orientações morais das famílias.

Educação sexual é dada em casa. Ainda que muitos pais estejam despreparados, é melhor do que um padrão social ou de Estado que, em lugar de formação, promove uma formatação moral. A educação sexual nas escolas será sempre enviesada por orientações ideológicas ou por interesses; ou, ainda, pela manipulação de opiniões e por destruição da base social: a família.

Não quer dizer que as escolas não possam contribuir. Podem e devem. Podem oferecer aos pais cursos e palestras, proferidas por especialistas capazes, sobre diversos temas, não só a educação sexual. Podem, por exemplo, tratar da higiene, da alimentação, dos riscos do excessivo uso de aplicativos de celular e da internet, do cuidado com a violência, prevenção à dependência de drogas e tantas outras orientações aos pais para ajudá-los nas suas responsabilidades de preparar seus filhos para a vida.

A escola precisa concentrar-se no conteúdo clássico: matemática, ciências, português, literatura, artes, história e geografia. E não está conseguindo fazer nem o mínimo. Deixem a educação sexual para as famílias e a religiosa para as igrejas.

Paulo Muro é consultor em gestão de empresas familiares e professor na área de administração.
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