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O Brasil vive há dois anos um cenário de crise política que não parece perto de arrefecer, situação que dificulta a recuperação da combalida economia do país. O Paraná esteve em linha com os resultados nacionais, mas apresenta sinais de recuperação: puxado pela indústria e pela agropecuária, o PIB do Estado cresceu 2,5% no último trimestre, o primeiro indicador positivo em dois anos.

O cenário segue longe do ideal, mas as empresas devem se adiantar às oportunidades: crescimento é essencial – em qualquer contexto.

Desde 2000 a América Latina apresenta crescimento menor do que o de qualquer outra região em desenvolvimento. E o Brasil ficou abaixo da média do bloco. A situação é ainda mais preocupante se considerarmos que a maior parte desse crescimento se deveu a fatores externos ou que não se repetirão, como a supervalorização das commodities e a entrada de um volume imenso de jovens no mercado de trabalho.

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Em termos de produtividade, o quadro é ainda pior: nos 25 anos, o trabalhador brasileiro produziu, em média, 1% a mais por ano – índice inferior a um terço do resultado do vizinho Peru. Para se ter uma ideia, um trabalhador dos Estados Unidos já produz sete vezes mais que um brasileiro, e 70% do crescimento do PIB dos EUA estão ligados a ganhos de produtividade. Uma positiva exceção no Brasil é o setor agrícola paranaense, que, sem possibilidade de expansão de fronteira de plantio, investiu em conhecimento e inovação tecnológica e conseguiu atingir a melhor produtividade de soja do mundo em 2017, segundo a Secretaria da Agricultura do Paraná. De uma perspectiva mais ampla, pesquisa da McKinsey indica que o crescimento do PIB brasileiro entre 1990 e 2010 poderia ter sido 45% maior caso a produtividade interna estivesse ao menos alinhada aos avanços em educação, fornecimento de energia e investimento em capital fixo.

É bem verdade que, em vários setores, o ambiente institucional ainda é muito deficiente, com políticas protecionistas contraproducentes, legislação tributária arcaica e regulações específicas que distorcem o mercado, reduzem competitividade e prejudicam o ambiente de negócios. O ranking Doing Business, do Banco Mundial, por exemplo, mostra que uma empresa dedica em média 2.038 horas para pagar impostos no Brasil – quase 1.200 delas somente com ICMS –, enquanto a média da América Latina e do Caribe é de 342 horas e a dos países de alta renda da OCDE, somente 163.

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No entanto, há fatores que dependem unicamente de estratégia e foco: empresas devem agir de forma mais agressiva, a fim de estimular novas fontes de crescimento. Adotar as ações corretas envolve usar uma análise detalhada para identificar segmentos de mercado adequados e transformar a abordagem tradicional de planejamento ao realocar recursos – pessoas, dinheiro e gestão – para novas áreas. Pesquisas McKinsey indicam que 75% do crescimento de um negócio dependem do mercado em que compete. Isso pode ser influenciado de várias maneiras, como por meio de aquisições ou da introdução de uma nova linha de produtos. Apenas 25% do crescimento de uma empresa vêm às custas dos concorrentes, com ganho de participação de mercado.

O cenário atual é certamente desafiador, mas o maior risco é a inércia. O seu negócio está competindo nos segmentos de mercado corretos? Quais são as oportunidades para aumento de produtividades? Você está atento a oportunidades de capturar sinergias por meio de fusões e aquisições? Momentos turbulentos apresentam oportunidades de reflexão e readequação de capacidades que precisam ser bem aproveitadas, pois o mundo passará, cada vez mais, a exigir crescimento.

Pedro Guimarães é sócio da McKinsey.
Vicentte Quadros é analista de negócios da consultoria da McKinsey.
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