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Felipe Lima

Recentemente, o Ministério do Turismo lançou o Plano Brasil+Turismo, um pacote de medidas para a reorganização e desburocratização da atividade. Mas para alcançar este objetivo é preciso superar gargalos, como o da infraestrutura, e tornar os destinos mais competitivos.

Infelizmente, no turismo global, o Brasil representa apenas 0,5% do movimento de 1,3 bilhão de viajantes internacionais e 20,47% dos estrangeiros que visitam a América do Sul. A ideia do governo federal é dobrar o número de visitantes estrangeiros até 2020; triplicar a receita de US$ 6 bilhões com a atividade; e incentivar as viagens dos 44,4% de brasileiros que nunca se deslocaram pelo país.

Entre as principais medidas propostas estão: flexibilizar a Embratur, que passará de autarquia para Agência Brasileira de Promoção do Turismo, podendo atuar de forma mais competitiva e receber recursos privados; emitir vistos eletrônicos em até 48 horas para turistas estrangeiros de países estratégicos, tais como EUA, Canadá, Austrália e Japão; alterar o Código Brasileiro de Aeronáutica para permitir a abertura de 100% do capital das empresas aéreas brasileiras ao investimento estrangeiro, ampliando a malha aérea e a concorrência; fortalecer parcerias público-privadas; aproveitar melhor áreas da União com potencial turístico; e intensificar programas de qualificação profissional, entre outras medidas.

Infelizmente, o turismo no Brasil espelha nossa realidade sociopolítica

Como resultado do plano, seriam criados mais 6 milhões de vagas no país, além dos 7 milhões de profissionais que já atuam no turismo brasileiro. Segundo o Conselho Mundial de Turismo e Viagem (WTTC), esse setor é campeão, respondendo por 9% dos empregos no mundo. Não há dúvidas de que a atividade precisa reagir à frustração das oportunidades desperdiçadas com os recentes megaeventos esportivos. Se o turismo fosse levado a sério, poderíamos ter evitado chegar aos 13 milhões de desempregados.

Neste sentido, a Turquia é um bom exemplo. Quando a Embratur foi criada, há 50 anos, Brasil e Turquia empatavam nas estatísticas realizadas pela Organização Mundial do Turismo. De 1970 a 1980, ambos os países não passavam dos 2 milhões de visitantes estrangeiros. Mas, a partir de 1990, a Turquia se descolou do Brasil. Chegou a receber 8 milhões de turistas contra 5,3 milhões do nosso país, no ano 2000. Os números ainda estavam muito longe do enorme potencial de ambos os países. Mas, mesmo envolta em constantes problemas políticos e sem organizar megaeventos, a Turquia chegou aos espantosos 41 milhões de visitantes estrangeiros em 2014, figurando como o sexto país que mais recebe turistas no ranking da OMT; enquanto o Brasil, mesmo após as seguidas realizações da Jornada Mundial da Juventude, da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, conseguiu um pífio recorde de 6,5 milhões de visitantes em 2016. Infelizmente, o turismo no Brasil espelha nossa realidade sociopolítica.

Costumo comparar a frustração com a pálida evolução da atividade com a tristeza que a minha geração, a dos “caras-pintadas” de 1992, está vivenciando hoje. Havia uma expectativa e percepção de significativo progresso, mas, confrontando-as com a realidade atual, percebemos que o problema evoluiu ainda mais, enquanto emergiram com amplitude e profundidade de proporções jamais imaginadas os escândalos de corrupção e desvios de verbas.

Como muitos legados foram desperdiçados, agora é melhor arrazoarmos que profissionalizar o setor é o caminho mais lógico.

E o Brasil continua sendo o país do futuro!

Dario Luiz Dias Paixão, doutor em Turismo, é professor de Turismo, Negócios e Relações Internacionais da Universidade Positivo (UP) e da UFPR.
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