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A crise econômica brasileira dos últimos anos aumentou o número de pessoas que abrem seus negócios por necessidade, segundo dados da nova pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2015. De acordo com o estudo, isso se deve, principalmente, ao fato de os brasileiros estarem com dificuldades para conseguir renda.

De 2014 para 2015, o sonho do brasileiro de abrir seu próprio negócio passou de terceiro para quarto lugar, atrás de viagens pelo país, casa própria e compra do carro. Mesmo assim, o Brasil tem uma TEA – a medida que a Pesquisa GEM 2015 usa para mostrar o nível de empreendimentos em estágio inicial – de 21, à frente de países como EUA e China, o que traz quatro em cada dez brasileiros que são empreendedores.

O empreendedor não inova e investe o que ainda tem em algo semelhante aos negócios já existentes

Há um número alto de oportunidades existentes em todo o território brasileiro porque são grandes a quantidade de recursos tecnológicos, as facilidades que novos negócios podem proporcionar, as ideias que valem milhões, pois impactam muitas pessoas, e os grupos que incentivam o empreendedorismo. Mesmo assim, o brasileiro encontra-se empreendendo por necessidade, segundo os novos dados da GEM, apoiada no Brasil pelo Sebrae.

Com mais de 9 milhões de desempregados e o maior índice de desemprego dos últimos anos, para que possa encontrar alternativas de renda, o empreendedor não inova e, mesmo despreparado para o negócio, investe o que ainda tem em algo semelhante aos negócios já existentes e sem nenhuma informação estratégica de mercado. Isso faz com que a taxa de mortalidade das empresas em quatro anos seja de quase 50%, segundo pesquisa realizada pelo IBGE.

O Sebrae-SP informa, em sua pesquisa anual chamada “Causa Mortis”, que os principais motivos pelos quais as empresas fecham (dados atualizados em 2014) são falta de planejamento prévio, de gestão empresarial e de comportamento empreendedor. Plano de negócios é algo impensado por 55% dos empreendedores que não levantam informações importantes sobre o mercado, não realizam o planejamento de itens básicos e não conhecem melhor seu público-alvo antes de abrir seus negócios. E 61% destes empreendedores não procuram ajuda de pessoas ou instituições.

A saída para não estar nestes índices e aproveitar as oportunidades – e não necessidades que podem ter trazido o empreendedor para esta nova vida – que estão no Brasil é aperfeiçoar constantemente os produtos e serviços, atualizar-se com respeito às tecnologias do setor, inovar em processos e procedimentos e investir em capacitação. Por diversas vezes o Brasil passou e saiu de períodos como os atuais. Se os empreendedores tomarem as decisões certas, já no meio do ano sairão dessa ressaca ruim de 2015, em um caminho para se construir uma retomada, uma recuperação. E, já que o empreendedorismo é um universo de incertezas e riscos, deixar de empreender porque se está na crise é importuno, porque ela passa, assim como as necessidades e as oportunidades que são adiadas.

Adriano Tadeu Barbosa, fundador da Ponto Pessoal, é supervisor do curso de Empreendedorismo do Centro Europeu.
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