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A construção de empresas com excelente performance e capacidade de adaptação está entre as principais preocupações de seus líderes. Para tanto, muitas organizações no país e no Paraná investem na realização de pesquisas de clima e engajamento. No entanto, ainda que de alta importância para a gestão, esses levantamentos não capturam uma perspectiva essencial que vai além da análise do “bem-estar” e engajamento dos colaboradores: a saúde da organização.

A importância deste aspecto é tão grande quanto ignorada. Segundo levantamento da McKinsey junto a 300 empresas em todo o mundo durante 10 anos, as organizações mais saudáveis (que estão no quartil superior de saúde) geram três vezes mais retorno a seus acionistas que as menos saudáveis (no quartil inferior). O motivo é que, ao contrário das mudanças pontuais, como reorganização ou corte de custos, a melhoria da saúde organizacional traz benefícios de longo prazo, tornando esse indicador um dos ativos mais importantes de uma empresa.

Diagnosticar a saúde organizacional é um passo fundamental para que as empresas identifiquem suas fortalezas e oportunidades

Alcançar altos índices de saúde organizacional é, contudo, uma tarefa que exige planejamento, foco e disciplina. Uma empresa saudável deve alinhar visão, valores, cultura e estratégia entre funcionários, liderança e investidores. Justamente por isso, pesquisas de engajamento e clima não são suficientes para permitir uma atuação pragmática na gestão da performance individual, de equipes e da organização.

A análise das práticas adotadas por empresas saudáveis indica que há quatro “receitas” comuns para obtenção de uma sólida performance:

1) A primeira delas demanda a presença de líderes talentosos e com potencial em todos os níveis da empresa. É o que a McKinsey classifica como “Fábrica de Líderes”. Neste caso, os profissionais têm maior liberdade para escolher a melhor maneira de agir para obter resultados, considerando padrões éticos e operacionais, e são responsabilizados por suas ações;

2) Já a orientação externa, voltada não somente a clientes, mas também a concorrentes, parceiros, órgãos reguladores e comunidade, caracteriza outra receita: “Foco no Mercado”. Empresas bem-sucedidas nesta forma de operar esforçam-se continuamente, e em todos os níveis organizacionais, para trazer inovação aos produtos, identificar e influenciar tendências de mercado e construir um portfólio de marcas sólidas e inovadoras;

3) A terceira receita da saúde organizacional, o “Foco em Melhoria Contínua”, refere-se àquelas empresas que estimulam a melhoria constante na linha de frente, elevando qualidade e produtividade, ao mesmo tempo em que eliminam desperdícios e ineficiências;

4) Mais comum entre prestadores de serviço e negócios voltados ao entretenimento, a receita de número quatro, “Foco em Conhecimento e Talento”, prevê o desenvolvimento de vantagens competitivas por meio da reunião e gestão de talentos, além da formação de uma base de conhecimento de alta qualidade.

Nossas convicções: As empresas, sua finalidade e o bem comum

Identificada a receita mais adequada à sua estratégia e características, a empresa deve alinhar-se ao máximo a um conjunto de práticas de gestão. É claro que nenhuma organização tem capacidade, recursos ou tempo de liderança necessários para ser excelente em todas as práticas de gestão. O truque para promover o maior impacto no menor tempo possível está em focar nas práticas críticas a seu perfil organizacional.

A comparação das empresas brasileiras aos benchmarks globais indica que elas se destacam por sua liderança desafiadora. Essa liderança faz com seus funcionários entreguem mais do que julgavam possível, por meio de uma competição interna saudável e da clareza sobre o papel de cada cargo na organização. As companhias brasileiras também se mostram muito eficientes em adotar as melhores práticas de empresas estrangeiras e em analisar as competências e pontos fortes da concorrência na hora de tomar decisões.

Há, contudo, oportunidades relevantes para grande parte das empresas nacionais, sobretudo na adoção de práticas que estimulem a transparência, governança e gestão em todos os níveis. Diagnosticar a saúde organizacional é um passo fundamental para que as empresas identifiquem suas fortalezas e oportunidades, de modo a possibilitar a construção de um plano de ação para alcançar os objetivos. Organizações saudáveis e atentas para as quatro “receitas” garantirão, no longo prazo, desempenhos sólidos e robustos.

Frederico Oliveira é sócio sênior da McKinsey e um dos líderes da Prática de Organização na América Latina. Pedro Guimarães é sócio da McKinsey e líder da firma na Região Sul
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