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Ao escrever uma coluna publicada no dia 24 de dezembro, não há como fugir do assunto. É aquela época em que as pessoas costumam deixar de lado o egoísmo dos outros 364 dias do ano para mergulhar no espírito natalino, de amor e paz, de tolerância e esperança, valorizando a família, os amigos, a solidariedade. Tudo muito belo, sem dúvida. Mas aqui fala o economista em mim: há mesmo o que celebrar este ano?

Está difícil. O Brasil tem sido dominado por um ambiente hostil, com uma polarização alimentada pelo próprio governo, que criou o mito do “nós contra eles”. Quem ousasse discordar das medidas estatizantes do PT era logo acusado de não se importar com os mais pobres, de ser membro de uma elite golpista ou de ser um reacionário preconceituoso. A tentativa de monopólio das virtudes pela esquerda acabou fomentando uma forte reação do povo, principalmente agora que o fracasso desse modelo ficou evidente para todos.

Incapazes de uma postura humilde, os petistas não reconhecem seus erros, preferindo criar bodes expiatórios para seus próprios equívocos. E pior: recusam-se a mudar de rumo, a aprender lições. O melhor exemplo disso, no campo econômico, foi colocar Nelson Barbosa no Ministério da Fazenda, o mesmo que estava lá dando as “pedaladas fiscais”, defendendo a “nova matriz macroeconômica” e demonizando o “neoliberalismo”.

A tentativa de monopólio das virtudes pela esquerda acabou fomentando uma forte reação do povo

A receita “desenvolvimentista” dessa turma gerou esse caos, com inflação acima de 10% ao ano, desemprego crescente e severa recessão. A atividade deve cair uns 3,5% esse ano, e não será muito diferente em 2016. É esse quadro sombrio que mais assusta: se 2015 tem sido terrível e todos querem deixá-lo logo no passado, o prognóstico não é dos melhores para o ano que vem. Teremos mais do mesmo, o que é assustador.

Imbuído do espírito natalino, quero passar uma mensagem de esperança, mas em nome do realismo e da honestidade intelectual não sou capaz. Ao menos não enquanto Dilma for a presidente e o PT estiver no poder. A mensagem de esperança precisa passar, portanto, pela crença de que esse quadro não vai durar muito, de preferência nem até 2018. O Brasil não aguentaria. O PT quebraria de vez a nação, e provavelmente teríamos de voltar a pedir dinheiro emprestado ao FMI, algo humilhante ao extremo.

Se queremos manter acesa a chama da esperança, olhemos para a Argentina. Após o estrago feito pelo casal Kirchner, companheiros de ideologia do PT, finalmente um candidato mais responsável venceu e está tomando as dolorosas, porém necessárias medidas de ajuste. Até na Venezuela a oposição conseguiu importante vitória, apesar de o tirano Maduro, também companheiro do PT, já ter reagido com nova tentativa de golpe à democracia.

O lado bom, então, é ver que o socialismo está sendo derrotado na América Latina. No Brasil temos vários movimentos liberais surgindo e ganhando força, mobilizando de forma espontânea a população, apresentando uma alternativa ao intervencionismo. Mas argentinos e venezuelanos precisaram ver o diabo bem de perto para reagir de verdade. Talvez o Brasil precise afundar ainda mais até se livrar de vez do petismo.

De minha parte, e tomado pelo espírito natalino, estou disposto a perdoar os petistas. Basta eles comprarem uma passagem só de ida para Cuba, o “paraíso socialista” segundo o próprio PT. Lá eles poderão ser felizes para sempre. E nós, brasileiros trabalhadores e honestos, poderemos respirar, finalmente, aliviados. Um Feliz Natal a todos. Já um próspero ano novo fica complicado com Dilma no comando da nação...

Rodrigo Constantino, economista e jornalista, é presidente do Conselho do Instituto Liberal.
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