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 | Gilson Borba/Estadão Conteúdo
| Foto: Gilson Borba/Estadão Conteúdo

Nas últimas horas o Espírito Santo foi tomado pelo caos. Arrastões, assassinatos, roubos, estupros e saques se espalharam pelo estado como fogo em mato seco. A população, acuada e sem defesa, pode no máximo registrar em seus celulares a barbárie que ocorre nas ruas tomadas por turbas violentas. Registros de um pedido de socorro, um grito de desespero ou simplesmente do silêncio aterrorizante daquele que não sabe se será o próximo alvo.

Não, o Estado não está lá para socorrer o cidadão. Os sociólogos, os ideólogos, o pessoal dos direitos humanos, os teóricos da segurança pública não sairão de suas cadeiras acadêmicas, de suas salas com ar-condicionado, para salvar ninguém. No máximo, em alguns dias, tentarão explicar o que aconteceu, sem dar qualquer resposta concreta para as vítimas que ficaram para trás, sozinhas, encolhidas em suas casas rezando para que o pior não ocorresse.

Deste caos há de se tirar lições valiosas e aprender com os erros cometidos até aqui para, quem sabe, mudar o caminho enquanto é tempo. A primeira lição é de que não existe lei penal se não houver alguém para fazer com que a mesma seja cumprida, e aí está toda a causa do pandemônio capixaba: a Polícia Militar entrou em paralisação. Foi o suficiente para que os ratos saíssem dos esgotos, sabendo que o gato não estará lá para persegui-los.

Os predadores, felizes e sabedores da impossibilidade de reação, saem à caça, sem medo de reação de suas vítimas

Onde estão, agora, aqueles teóricos que tantas vezes já afirmaram que não é a polícia ostensiva e repressiva que impede a ocorrência de crimes? A farsa cai por terra! Só em Vitória, capital do estado, já foram 51 assassinatos desde sábado; destes, 27 aconteceram apenas nesta segunda-feira! E ainda temos de ler que o problema é a letalidade policial? Que a Polícia Militar deveria ser extinta?

Junte-se a tudo isso nossa draconiana legislação sobre armas, que na prática impede apenas que cidadãos possuam e portem armas de fogo. Foi ela suficiente para impedir que criminosos se armassem com o que há de melhor e mais moderno nesse mundo? Claro que não! E aí temos os predadores que, felizes e sabedores da impossibilidade de reação, saem à caça, sem medo de qualquer possibilidade de reação de suas vítimas.

A verdade simples e irrefutável é que grupos formados por 20 ou 30 marginais, mesmo que estivessem destituídos de armas de fogo e armados com paus, pedras e facas, simplesmente não podem ser impedidos se não houver pessoas armadas para fazer isso. O já tão criticado e titubeante Estatuto do Desarmamento mostra mais uma vez sua horrenda face e garante a segurança de todo tipo de criminoso.

A terceira e última lição é de que a ditatorial ideia segundo a qual as armas devem estar apenas nas mãos das instituições policiais é extremamente perigosa e de fracasso inevitável. Instituições policiais são formadas – que surpresa! – por pessoas que têm suas necessidades, cometem seus erros e são tão suscetíveis a falhas como quaisquer outras. Ter a segurança única e exclusivamente nas mãos dessas instituições é tão absurdo quanto negar que sua existência é primordial para que a barbárie não se instale.

Enquanto isso, o secretário de Segurança daquele estado, André Garcia, defensor ferrenho do desarmamento do cidadão, vem a público dizer que as pessoas devem agir com naturalidade, sair para trabalhar normalmente, levar os filhos para a escola... será capaz, o senhor secretário, de abrir mão de sua escolta armada e dar um passeio com sua família pelas ruas de Vitória? Acho que todos sabemos a resposta.

Bene Barbosa, estudioso em Segurança Púbica, é coautor de “Mentiram Para Mim Sobre o Desarmamento” e presidente do Movimento Viva Brasil.
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