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| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

A economia brasileira vem atravessando um dos períodos mais turbulentos de sua história, com efeitos negativos em sua capacidade produtiva e geração de empregos. O elevado desemprego ainda deve permanecer em 2017 e 2018, mesmo que ocorra uma melhora gradativa da situação econômica a partir do ano corrente.

O elevado desemprego preocupa porque gera problemas psicológicos e financeiros em famílias que experimentaram uma queda brusca da renda em decorrência de um mercado de trabalho em deterioração. Ele também afeta uma geração de jovens que estão perdendo oportunidades de ganhos de produtividade pela prática em uma idade em que é tão importante passar pela experiência do mercado de trabalho.

Por outro lado, vários indicadores vêm mostrando que a economia brasileira passou pelo fundo do poço. É possível notar melhora nos indicadores da situação atual da indústria da Fundação Getúlio Vargas, além de uma sensível elevação dos indicadores de confiança da indústria, comércio, serviços e do consumidor. Os indicadores de expectativas da CNI, restritos apenas à indústria, vão na mesma direção.

Vários indicadores vêm mostrando que a economia brasileira passou pelo fundo do poço

A trajetória de queda de inflação com a ancoragem das expectativas, o início da trajetória da queda dos juros e uma agenda de reformas que está caminhando são elementos centrais no processo de retomada e que têm afetado positivamente as expectativas nos mais diversos setores da economia. No entanto, a manutenção deste processo ainda depende da estabilidade política para que a agenda de reformas caminhe de forma a colocar a dívida pública em uma trajetória que seja sustentável ao longo do tempo.

Podemos esperar novos momentos políticos turbulentos decorrentes das delações da Odebrecht, que devem afetar fortemente o atual governo. Por isso, há uma grande importância em se pensar em como realizar uma transição suave para um novo governo, caso este cenário se materialize. O mais importante é que, caso ocorra uma troca de governo, a agenda de reformas seja levada adiante visto que o problema fiscal está no centro das causas da atual crise econômica brasileira.

A resolução dos problemas inflacionários e fiscais irá fornecer a estabilidade necessária para uma retomada dos investimentos, ainda mais em um momento de poucas oportunidades de investimento no mercado mundial, o que faz com que exista um fluxo considerável de capitais em busca de investimentos que tragam um retorno razoável em locais com estabilidade jurídica e macroeconômica. No entanto, pensando em prazos mais longos de tempo, é preciso realizar reformas institucionais que tragam maior previsibilidade e simplificação para os investidores domésticos e estrangeiros, além de uma elevação das parcerias público-privadas para a atração de investimentos em infraestrutura.

Outra fonte importante de instabilidade vem do fronte internacional, com a mudança na presidência dos Estados Unidos. As decisões de Trump vêm aumentando o grau de atrito entre nações que são chaves para o bom funcionamento da economia nacional. Neste sentido, nos resta fazer a lição de casa para que estejamos preparados para turbulências vindas do exterior.

Luciano Nakabashi, doutor em Economia, é professor da FEA-RP/USP e pesquisador do Ceper/Fundace.
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