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Manter a longevidade de um negócio, ainda mais em se tratando de empresas familiares, é um grande desafio no Brasil. Hoje, apenas 12% das empresas familiares brasileiras sobrevivem após a 3ª geração, segundo levantamento recente da PricewaterhouseCoopers (PwC), empresa de auditoria e consultoria. Um dos principais obstáculos é a ausência de um planejamento sucessório e de uma governança corporativa bem estruturada.

A governança corporativa é essencial nas empresas familiares desde a sua fundação e não apenas quando já estão na segunda ou terceira geração de sócios. Quando a empresa está na primeira geração, geralmente quem está no comando é o próprio fundador. Nesse caso, ela ainda não constituiu o seu Conselho de Administração e o fundador está fazendo o papel de principal gestor e até de conselheiro da empresa. Esta é uma oportunidade de se constituir uma governança corporativa estruturada para que o processo de passagem de bastão seja o mais tranquilo possível.

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Muito mais do que uma empresa nos moldes tradicionais, uma empresa familiar tem algo que a diferencia: a necessidade de realizar a sucessão com herdeiros. A sucessão costuma ser um momento delicado e que gera muitas dúvidas, principalmente quando os filhos começam a chegar à empresa. É aí que começam os questionamentos e o choque de gerações pode ser inevitável. Por isso, para que uma empresa ultrapasse gerações, é preciso estabelecer normas e acordos entre os diferentes sócios ou acionistas, principalmente no que diz respeito aos pilares fundamentais da governança: a relação dos gestores com a empresa, com os familiares e com os sócios.

As empresas precisam fortalecer a sua governança para que a empresa se mantenha produtiva e efetiva. Para tanto, algumas práticas de governança não devem deixar de ser exercidas. Um bom exemplo é a reunião de Conselho de Administração. No início, acontecem mensalmente e começam a ser postergadas, passando a ser bimestrais ou semestrais. Isso é um ponto de atenção porque quando um Conselho não se reúne com a frequência mínima necessária, há um sinal ruim dentro da empresa, nas relações societárias ou nas relações familiares.

Outro ponto a ser analisado é a qualidade do que está se debatendo, ou seja, se as deliberações estão atendendo os preceitos que foram definidos na governança.

Atas de reuniões muito superficiais, assuntos sendo tratados de maneira rasa e poucas decisões sendo tomadas são indicadores de que o processo de governança não está sendo bem conduzido.

Alguns passos priorizam a governança corporativa e devem ser adotados pelas empresas que buscam crescer e se manter no mercado: o estabelecimento de um Conselho de Administração independente e atuante, separação do papel do Conselho de Sócios do Conselho de Administração, definição clara do processo de ingresso ou não de familiares na empresa, gestão dos riscos corporativos e eficácia nas deliberações do Conselho de Administração.

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A governança corporativa pode auxiliar os gestores a ampliarem a visão do negócio, focando não só nas consequências, mas, principalmente, nas causas que podem levar até elas. Esse diagnóstico pode variar de empresa para empresa, mas, via de regra, traz resultados comuns, como melhoria na qualidade de gestão, maior alinhamento dos sócios com relação à perspectiva do negócio e, ainda, a manutenção de um controle mais rigoroso dos processos internos, com a geração de relatórios e indicadores que permearão o modo de operação como um todo.

Eduardo Valério é graduado em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), especialista em Estratégia e Marketing pela Kellogg School of Management, especialista em Governança Corporativa para Empresas Familiares pela The Wharton School, Pennsylvania e especialista em Gestão pelo Insead.É também diretor-presidente da GoNext, especializada em gestão de negócios e implantação da governança corporativa em empresas familiares.
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