• Carregando...

No segundo semestre de 2006, quando presidia o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, firmei e remeti ao procurador-geral da República da época queixa-crime contra o então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, acusando que o presidente estava envolvido no chamado “caso mensalão”, posteriormente julgado pelo Supremo Tribunal Federal, sob a relatoria do então ministro Joaquim Barbosa e que condenou a grande maioria dos denunciados.

Na época, dei diversas declarações à mídia nacional e internacional, afirmando que o chefe da quadrilha que se formou no mensalão era o presidente da República Lula, e que ele comandava o governo mais corrupto da história do Brasil. O procurador-geral não acatou a queixa e mandou arquivar a acusação que eu fiz, como presidente nacional da OAB. Diante disso, o inquérito prosseguiu sem investigar o presidente Lula em relação àquele episódio.

Lula presidia o país quando se iniciou a corrupção institucionalizada que só não quebrou a Petrobras por ela ser empresa em que o Brasil é o acionista majoritário

Agora estamos envoltos em novo, grave e vultoso escândalo, o do petrolão, que levou para a prisão os diretores das maiores empreiteiras deste país, como a OAS, Camargo Correia, UTC e outras mais. O procurador-geral da República ofereceu denúncia contra dezenas de políticos que se beneficiaram do esquema, principalmente os do PP, PT e PMDB – aliás, deste último, foram incluídos os presidentes atuais da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

O que chamava a minha atenção é que nada se falava até aqui do envolvimento do presidente de honra do PT, o ex-presidente Lula, bem como da maior empreiteira do país, a Odebrecht. Neste fim de semana verifiquei que as edições das revistas nacionais começam a se questionar, não em relação ao petrolão, mas em relação a tráfico de influência internacional (principalmente em países africanos e outros com regimes não democráticos na América Latina) levado a cabo pelo ex-presidente Lula, às expensas da Odebrecht.

É bom que nos lembremos que Lula presidia o país quando se iniciou a corrupção institucionalizada que só não quebrou a Petrobras por ela ser empresa em que o Brasil é o acionista majoritário, e que a Odebrecht é a maior empreiteira nacional com obras, em sua maioria públicas, no exterior – muitas delas financiadas pelo BNDES, dirigida por indicados do ex-presidente Lula e que é uma enorme caixa preta que não permite ser investigada, alegando sigilo bancário.

Quando da investigação do mensalão, rotulou-se o ministro José Dirceu de “capitão da equipe” e ele foi condenado. No entanto, o comandante geral não foi investigado e, via de consequência, não foi julgado. A sociedade espera que, neste gigantesco e vergonhoso episódio que envolveu a Petrobras e políticos ligados ao governo, Lula e a Odebrecht sejam investigados, até mesmo por isonomia às demais empreiteiras e aos políticos que estão denunciados no esquema criminoso.

Ninguém está acima da lei. A impunidade não pode mais imperar em nosso país; ela é um câncer social que dilapida as instituições e as empresas do Brasil. Temos, nesta quadra da vida nacional, de ser mais republicanos; se não investigarmos os grandes empresários e os políticos que ativamente ou passivamente se locupletaram com práticas criminosas, é sinal de que há algo de podre... não na Dinamarca, mas no nosso sofrido e vilipendiado Brasil.

Roberto Busato, ex-presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), é presidente do Conselho dos Colégios e Ordens de Advogados do Mercosul (Coadem).
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]