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| Foto: Theo Marques/UOL

O marketing político, azeitado com dinheiro roubado do povo, produziu uma fraude gigantesca: Lula da Silva. Não se trata de uma frase de efeito ou de uma reação emocional. É a conclusão inescapável da farta documentação produzida pela Operação Lava Jato.

Lula poderia ter sido uma bela história. Não foi. Definitivamente. Como lembrou editorial do jornal O Estado de S.Paulo, Lula entra nessa história sórdida “na condição de poderoso e não de fraco e oprimido perseguido pelos malvados inimigos do povo. Lula está com a polícia em seus calcanhares não porque é um nordestino que nasceu na pobreza e subiu na vida. Lula está nessa triste situação porque deixou que o poder lhe subisse à cabeça, deslumbrou-se com a veneração da massa, com o protagonismo político e com a vassalagem interessada de políticos medíocres, intelectuais ingênuos ou vaidosos e, principalmente, com a bajulação de homens de negócio gananciosos”.

Seu depoimento ao juiz Sergio Moro foi a pá de cal na sua biografia. Acusado de ser o dono oculto do tríplex no Guarujá, um presente da OAS pelos serviços prestados à empreiteira, Lula teve a oportunidade de defender-se. Não conseguiu convencer nem mesmo uma inocente freira de clausura. Enrolou-se e acabou prisioneiro do cipoal das suas mentiras.

A ignorância inocente de Lula é ampla, geral e irrestrita

A Moro, disse que não sabia da reforma do apartamento e, por isso mesmo, não tratou da obra com Léo Pinheiro. Já em março de 2016, quando foi alvo de condução coercitiva, admitiu em depoimento à Polícia Federal ter tratado de um projeto para o apartamento. “Quando eu fui a primeira vez, disse ao Léo que o prédio era inadequado, porque um tríplex de 215 metros é um tríplex ‘Minha Casa. Minha Vida’, era pequeno. Eu falei: ‘Léo, é inadequado para um velho como eu’. O Léo falou: ‘Eu vou tentar um projeto pra cá’”, contou Lula ao depor à PF. Naquela mesma ocasião, ele deu a entender que dona Marisa havia visitado o apartamento para verificar se as recomendações feitas pelo casal haviam sido seguidas pela empreiteira.

Agora, ao tentar afastar-se de qualquer responsabilidade, apontou firme o dedo para sua mulher. Segundo Lula, Marisa foi quem se interessou pelo tríplex, e não ele. E interessou-se para fazer um investimento. Ele nada sabia. Pobre dona Marisa. É de lascar, amigo leitor.

Mas a ignorância inocente de Lula é ampla, geral e irrestrita. Questionado pelo juiz Sergio Moro se em algum momento, como líder inconteste do PT, pediu ao partido que investigasse o envolvimento de companheiros no esquema de corrupção detalhado posteriormente pela delação de executivos das empreiteiras e da Petrobras, Lula disse que em 2014, quando vieram à tona as denúncias da Lava Jato, ele era apenas um ex-presidente comparável a um “vaso chinês”. Moro insistiu em que, mesmo na condição de ex-presidente, o depoente tinha evidente influência no partido, ao que Lula respondeu candidamente: “Eu não tenho nenhuma influência no PT”.

Leia também:  Lula, o depoimento e as narrativas (editorial de 10 de maio de 2017)

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A propósito das declarações do ex-diretor da Petrobras Renato Duque, indicado pelo PT, segundo as quais Lula mandou que ele destruísse provas da existência de contas secretas no exterior abastecidas com dinheiro do petrolão, o ex-presidente teve de confirmar o encontro num hangar no aeroporto de Congonhas. Mas, é claro, apresentou outra versão para os fatos. Disse que o ex-diretor da Petrobras negou ter conta lá fora, e assim encerrou o assunto. Se a intenção de Lula era apenas perguntar se Duque tinha conta no exterior, por que marcar um encontro top secret num hangar? No contexto, a suposta ordem de Lula para que Duque destruísse provas faz todo sentido.

Mas as agruras de Lula não param por aí. O marqueteiro João Santana, por exemplo, disse que Lula estava plenamente informado de que pagamentos por seus serviços na eleição de 2006, vencida pelo petista, foram feitos por meio de caixa 2. Santana disse que toda a negociação era feita por Antônio Palocci, mas afirmou que o ex-ministro lhe dizia que nada podia ser feito sem “a palavra final do chefe”, isto é, Lula.

Lula está aprisionado no labirinto das suas mentiras e do seu cinismo. Briga contra os fatos. O mito está derretendo.

(Um esclarecimento ao leitor: este artigo estava pronto quando explodiu o noticiário das gravações de Michel Temer e Aécio Neves. O Brasil precisa ser refundado.)

Carlos Alberto Di Franco é jornalista.
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