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| Foto: Chris Hondros/AFP/Getty Images

O período de férias é sempre um momento não só para descansar e relaxar, mas para refletir sobre a nossa situação atual e novos rumos. Dependendo dos lugares que visitamos, temos contato com ambientes, pessoas e culturas totalmente distintas, o que torna cada viagem uma experiência rica também em termos de conhecimento. Quando o quesito é o consumo, as experiências internacionais trazem à tona uma série de avaliações e consequências que afetam uma economia como um todo.

Passar alguns dias de férias nos Estados Unidos, por exemplo, onde o estímulo ao consumo interno é um dos principais pilares econômicos do país, nos faz questionar sobre as oportunidades que temos – e perdemos – no Brasil.

Quem estamos protegendo com a atual legislação?

A variedade de bens de consumo é tão grande e os valores são tão menores que é muito comum agências organizarem até mesmo roteiros focados em compras. Quantas famílias já não se dirigiram aos Estados Unidos unicamente para adquirir o enxoval para o filho ou para comprar um instrumento musical? Nos dois casos, mesmo considerando a multa de 50% sobre o valor que exceder a cota de isenção, o investimento vale a pena. Para quem quer consumir, as economias proporcionadas cobrem não apenas os gastos com a viagem, mas abrem uma janela imensa de oportunidade.

Se por um lado sabemos que as pessoas com melhor situação econômica têm acesso a todos esses bens, por outro lado temos a certeza de que a falta de acesso a essas mesmas oportunidades prejudica a maioria. Como resultado, nitidamente, o alto custo que pagamos no Brasil simplesmente colabora para o aumento da desigualdade social.

Apenas aqueles que não têm recursos para uma viagem internacional não cogitam a hipótese de compra do enxoval do filho no exterior. E as oportunidades vão além de bens de consumo de luxo. Um telescópio, por exemplo, poderia ser adquirido por muitos para melhoria dos estudos e da educação. No fim, quem estamos protegendo com a atual legislação?

Leia também:  O protecionismo que prejudica o Brasil (artigo de Vicente Assis e Pedro Guimarães, publicado em 23 de setembro de 2016)

Leia também:O espírito da Lei de Informática ainda resiste (editorial de 23 de julho de 2015)

Toda vez que volto de férias, penso no desperdício dos nossos possíveis talentos. Sempre me recordo de que, na época em que eu estava na faculdade, o melhor aluno da turma era um rapaz que, quando menino, vendia livros religiosos para chegar à escola. Quantas pessoas são iguais?

Entendo a questão de tentar proteger o trabalho no Brasil, mas precisamos de uma agenda de corte de impostos urgente para tentar mudar a situação. O protecionismo pode ser bom ou ruim. Precisamos avaliar quem está sendo prejudicado e definir uma agenda de inclusão do Brasil no mundo de forma bem mais rápida.

Edivar Queiroz é fundador e CEO da LUZ Soluções Financeiras.
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