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 | Ricardo Stuckert/Presidência da República
| Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

Os trabalhadores formais se aposentam, no Brasil, antes dos 60 anos.

Diferentemente de nossos pais e avós, quem chega agora aos 60 anos tem uma expectativa de sobrevida de 25 anos em média. Quase um terço de vida, graças aos avanços da tecnologia na medicina e na produção de medicamentos e alimentos. Além da informação sobre saúde, muito mais abundante que antigamente.

A pergunta que sobressai é: o que você vai fazer com esses 25 anos aposentado?

Se a resposta é descansar, não fazer nada, vai um alerta: por um tempo é bom, mas por tanto tempo é a porta de entrada para as doenças degenerativas como Alzheimer, demência senil, Parkinson e, principalmente, depressão.

Devemos ter claro que a inatividade prolongada traz um componente fatal para a saúde mental, que é a sensação de inutilidade, a falta de uma razão para levantar todo dia, o abandono, o isolamento, a não participação na sociedade.

A inatividade prolongada traz um componente fatal para a saúde mental, que é a sensação de inutilidade

Assim, meus amigos e amigas, temos de começar a pensar na segunda carreira, no que vamos fazer depois de aposentados, se é que queremos ser saudáveis e independentes até o último dia de nossa vida. Aliás, não adianta acrescentar mais anos à nossa vida sem qualidade de vida.

De cada dez brasileiros, só um pensa em dedicar-se a uma nova atividade depois de aposentado, segundo o Sebrae. Esses, com visão estratégica, perceberam que a segunda carreira é possível porque terão três condições para empreenderem algo novo: tempo, maturidade e rede de contatos estabelecidos ao longo de muitos anos no mercado de trabalho. E a segunda carreira propiciará três resultados nada desprezíveis: uma razão para levantar de manhã, renda extra e fazer aquilo de que se gosta.

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Vocês já pararam para pensar que existem duas categorias de idosos? Os invisíveis e os exemplos. Os primeiros são a maioria, esquecidos pelo mundo, pois deixaram de dar uma contribuição maior aos seus e à sociedade. Os que desistiram no meio do caminho, os que não sabem o significado de legado e que só querem uma rede para nela se deitar. Já os exemplos são poucos, mas reverenciados por prestarem serviços à sociedade e à humanidade até o último dia de vida, como Oscar Niemeyer, Carlos Heitor Cony, Cora Coralina, Albert Eisntein, Roberto Marinho, Ludwig van Beethoven, Victor Civita ou Antonio Ermínio de Moraes.

Lamentavelmente, muita gente trabalha muito tempo em algo de que não gosta, por necessidade financeira, sujeitando-se a horários, chefes, rotinas, cobranças, prazos e infelicidade por longo tempo na vida. Essas pessoas não sabem o que é fazer o que gosta e ainda receber para isso. Perguntem a um jogador de futebol que sensação é essa. Eu fui e sei o que significa.

Pois você, aposentado, pode ter isso também. Basta uma reflexão profunda daquilo em que é bom, no que aprendeu ao longo de anos no mercado e no que lhe daria tanto prazer em fazer que não veria o tempo passar. Creia, isso está disponível a quem tem uma renda da aposentadoria e a quem não desistiu de sonhar.

Aliás, a diferença entre quem está vivo e quem já morreu mas está entre nós tem nome: sonho.

Renato Follador é consultor em previdência.
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