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 | Leopoldo Silva/Agência Senado
| Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

Reutilizar, reaproveitar, reciclar, recuperar são palavras que precisam, com urgência, fazer parte mais efetiva do vocabulário de todos os seres humanos, de todos os países, especialmente dos mais desenvolvidos, pois são eles que produzem a maior quantidade de lixo no planeta. E o planeta não tem uma lata de lixo. É urgente, portanto, que tiremos a palavra do nosso vocabulário.

A obsolência programada e o culto ao consumo desenfreado têm nos levado a fazer o equivalente a depositarmos todo o lixo que produzimos dentro de nossa própria residência. Em quanto tempo ela estaria inabitável? O que fazemos em casa e nas ruas afeta todo o nosso planeta. O problema é o ritmo incrível e insustentável do desenvolvimento mundial. Na verdade, não há “desenvolvimento”; e, sim, um modo de vida totalmente equivocado.

O descarte irregular de objetos como sofás, geladeiras, fogões e outros móveis e utensílios é hoje um dos maiores problemas das cidades, independentemente de seu tamanho. Afeta tanto as pequenas cidades do interior, quanto os grandes centros.

Não temos sido capazes de lidar bem com as consequências do nosso pseudo desenvolvimento, do modo como convivemos com a natureza. Os milhões de toneladas de lixo que produzimos são colocados onde não vemos. É o lado mais escuro e obscuro das selvas urbanas, onde milhares de animais como nós, e outros, buscam a sobrevivência, a comida dos filhos, o comercializável para bancar o resto necessário para se manterem vivos.

Por outro lado, a humanidade tem visto acontecer cada vez mais cedo o limite no uso dos recursos renováveis do planeta. A organização não-governamental Global Footprint Network (GFN) chama de “Dia da sobrecarga”. Não obstante, as autoridades mundiais têm metas apenas no que se refere à emissão de gases. Não há discussões planetárias sobre a redução da produção de lixo e do uso dos recursos. Segundo a GFN, em 2015, o tal dia de sobrecarga da Terra aconteceu em agosto. Em 1970, acontecia em dezembro.

A nossa sociedade é construída para queimar recursos, de forma continua, sem possibilidade de abrandar. A produção de lixo segue o mesmo caminho. Quando a ‘queima’ abranda, fala-se em crise econômica, lamenta-se a falta de crescimento.

A reutilização e o reaproveitamento de móveis, objetos e mesmo de restos orgânicos é, em geral, visto como coisa de loucos ainda. Projetos que buscam trabalhar com a reutilização de materiais, geralmente descartados, são vistos com “maus olhos”. Reutilizar um vaso sanitário descartado na rua para plantar alfaces então, é o cúmulo para a maioria. “Que coisa horrível”, dizem. Asseguram que é melhor plantar num vaso de plástico e levar o tal vaso sanitário para o aterro, longe de nossos olhos. Lhes asseguro que esta é uma visão equivocada.

Espero que, breve, mudemos de ideia. Para o bem de todos nós que aqui estamos e dos que virão, pois um recurso que se esgotará, talvez, muito em breve, é a capacidade da terra de absorver o nosso lixo.

Ana Maria de Carvalho é jornalista, ambientalista, blogueira, acadêmica de Geografia e servidora pública municipal de Marechal Cândido Rondon/PR, onde atua na área de Arte e Cultura.
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