• Carregando...

Neste 26 de abril, Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, é urgente e necessária uma reflexão sobre as mudanças ocorridas na rotina dos brasileiros e que têm causado o aumento de doenças relacionadas à obesidade, entre elas a pressão alta ou hipertensão.

A pressão alta resulta da força que o sangue exerce na parede das artérias. Quando essa força está aumentada, as artérias oferecem resistência para a passagem do sangue, na denominada hipertensão arterial. Ela acontece quando os valores das pressões máxima e mínima são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg (mais popularmente conhecida como “14 por 9”) e pode afetar diversos órgãos do corpo, como cérebro, rins, olhos e, principalmente, o coração. Estima-se que a hipertensão arterial acometa 22,7% da população adulta brasileira, sendo o diagnóstico mais frequente em mulheres.

A doença pode ser causada pela associação de alguns fatores, como sedentarismo, alto consumo de sódio e baixo de potássio, obesidade, estresse, resistência insulínica, tabagismo, baixo consumo de alimentos ricos em antioxidantes, entre outros. O sedentarismo constitui importante fator de risco, e já é bem estabelecida a ocorrência de maior taxa de eventos cardiovasculares e maior taxa de mortalidade em pessoas com baixo nível de condicionamento físico.

Paralelamente a essas informações, temos a recente pesquisa – divulgada no último dia 15 de abril pelo Ministério da Saúde – segundo a qual mais da metade da população brasileira (52, 5%) aparece com excesso de peso. Curitiba está um pouco à frente da média nacional: 54% dos adultos estão com excesso de peso e 19% estão com obesidade na capital paranaense. Em 2012, os índices mostravam 51% e 16% respectivamente. Quando pacientes hipertensos são comparados a indivíduos com a pressão arterial normal, uma das maiores diferenças encontradas é exatamente um aumento na prevalência de obesidade.

A pressão alta é um inimigo silencioso, pois a maioria dos hipertensos não apresenta qualquer sintoma ou sinal

A pesquisa mostra ainda que 20% dos curitibanos adultos têm a taxa de colesterol alta. Os dados são da pesquisa “Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico” (Vigitel) 2012, do Ministério da Saúde. Outros números do governo federal também apontam que o consumo médio de sal no país é duas vezes maior que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde. A meta é reduzir essa quantidade, hoje estimada em 12 gramas por dia, para 5 gramas ao dia até 2022.

Estas informações demonstram que os brasileiros, incluindo os curitibanos, estão caminhando no sentido contrário ao de evitar que a pressão alta seja desencadeada, já que a obesidade e o consumo excessivo de sódio estão entre os principais fatores de risco para a hipertensão.

A pressão alta é um inimigo silencioso, pois a maioria dos hipertensos não apresenta qualquer sintoma ou sinal referente à hipertensão. Sintomas como dor de cabeça, dor na nuca, enjoos, tonturas e falta de ar podem estar associados à hipertensão, mas não são específicos da doença.

As adequações do estilo de vida também são muito importantes. Reduzir o consumo diário de sal na alimentação, abandonar o sedentarismo e adotar uma alimentação equilibrada fazem toda a diferença. Dietas com maior consumo de vegetais e ricas em potássio, magnésio e cálcio não são difíceis de serem seguidas. Elas reduzem significativamente a pressão e atenuam ou eliminam a necessidade de medicamentos.

A hipertensão arterial aumenta as chances de ocorrência de infarto do coração, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e renal, impotência sexual, além de outras complicações que alteram significantemente a qualidade de vida. Além disso, um hipertenso que não se trata tem, segundo a Organização Mundial de Saúde, uma redução na expectativa de vida de até 16,5 anos.

Mas o segredo para todas as pessoas está em detectar a doença e tratá-la no início através de consultas médicas anuais, ou mesmo medir a pressão em casa. A qualquer alteração nos níveis de pressão é importante procurar imediatamente um cardiologista, o médico especializado na doença. Agora, o melhor mesmo é prevenir. Por isso, neste dia, criado com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre os cuidados necessários com a pressão arterial, é preciso lembrar que a busca por qualidade de vida está diretamente associada à prevenção contra a hipertensão.

Caetano Marchesini, cirurgião bariátrico e especialista em obesidade, é membro da Federação Internacional de Cirurgia para Obesidade e membro titular da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva.
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]