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 | Roberto Custódio
/Arquivo Jornal de Londrina
| Foto: Roberto Custódio /Arquivo Jornal de Londrina

É grave a situação para os policias que trabalham no Brasil. O descaso e a falta de reconhecimento da dignidade humana pelo Estado com os profissionais que se arriscam diariamente nas ruas é triste e crescente.

Os números são assustadores em grandes regiões. No Rio de Janeiro, recente levantamento afirmou que um policial morre a cada 57 horas. Neste ano, mais de 100 policiais foram assassinados nas ruas da capital fluminense. Famílias choram e as autoridades assistem caladas.

Entra ano, acaba ano e nada muda. Governantes federais, municipais e estaduais são trocados e nada acontece. As notícias dos telejornais e veículos impressos demonstram a brutalidade contra os policiais. E já são décadas de ausência de medidas efetivas em favor dos policiais no país. Assim como outras categorias profissionais, como professores, motoristas do transporte público e servidores, os policiais são essenciais para o funcionamento da máquina.

Os policiais não são valorizados. E não é apenas na questão financeira

Sem uma polícia unida, forte e estruturada, a tendência é que a vulnerabilidade da segurança do cidadão brasileiro fique cada vez mais acentuada. Nos dias de hoje, o policial vai trabalhar, assumir seu posto, realizar sua ronda sem um suporte necessário para atuar de forma tranquila em prol da sociedade.

A recente greve da polícia do Rio Grande do Norte é um exemplo claro da situação a que estão expostos os policiais. Salários atrasados, famílias passando fome e contas acumuladas. Um cenário caótico. E o Estado, em vez de assimilar a mensagem e procurar corrigir suas falhas, expõe os profissionais em rede nacional. Sim, existe uma lei que impede a greve de policias militares. Entretanto, a medida extrema foi tomada porque não é uma questão de legalidade, mas de humanidade. Vale ressaltar que ao militar é proibida a sindicalização e a greve, desde que lhes sejam garantidos outros direitos essenciais. O Estado não pode escravizar nenhum ser humano sob o pretexto de que esse mesmo homem renunciou a seus direitos ao aceitar as regras impostas. Direitos humanos são irrenunciáveis!

Leia também: A inglória guerra da polícia brasileira (artigo de Fabricio Rebelo, publicado em 19 de setembro de 2017)

Leia também: O direito à segurança (editorial de 7 de abril de 2017)

Os policiais não são valorizados. E não é apenas na questão financeira. Falta uma política que abrace a categoria em questões sociais e profissionais. Os salários estão defasados, os benefícios são escassos e a estrutura – viaturas, armas, entre outros – é decadente. Não existe um apoio psicológico necessário para enfrentar as duras batalhas contra criminosos e situações extremas que fazem parte da profissão. O policial é movido pelo amor por sua farda e sua profissão, mas só o amor não garante a sua sobrevivência.

Hoje, o policial que sai às ruas para desempenhar sua função deve ter orgulho de lutar contra a criminalidade e também contra a falta de amparo do Estado. Só a união de forças dos policias militares, policiais civis, policiais federais, guardas municipais – ou seja, dos agentes de segurança pública – pode sensibilizar as autoridades competente para mudar esse triste e calamitoso quadro. Temos de defender aqueles que defendem.

Francisco Alexandre Filho é sargento da Polícia Militar de São Paulo e diretor de Direitos Humanos da Associação de Defesa dos Agentes de Segurança Pública (Adeasp).
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