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| Foto: Cesar Machado/Vale Press

Não se enganem. Milhões de paranaenses ainda estão sob a ameaça dos riscos e perigos do fraturamento hidráulico, tecnologia altamente poluente para extração do gás de xisto do subsolo e também chamada de fracking.

A sanção, pelo governador Beto Richa, da Lei 18.947/2016, que suspende por dez anos o licenciamento, não nos protege definitivamente da contaminação. Mesmo atendendo a um pedido das entidades que integram a Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida (Coesus) para vetar o artigo 3.º da lei, que permitia os testes de aquisição sísmica e pesquisas geológicas, a moratória representa apenas um adiamento do fracking.

O fraturamento hidráulico ou fracking consiste na perfuração do solo para injetar, em cada poço, de 17 milhões a 35 milhões de litros de água em altíssima pressão, misturados a areia e um coquetel de 700 substâncias químicas, muitas delas cancerígenas e até radioativas, para “fraturar” a rocha de xisto e liberar o gás metano. Acontece que, nesse processo, parte desse fluido tóxico chega aos aquíferos junto com o metano pelas fissuras causadas pelas intensas explosões na rocha. Parte retorna à superfície e é depositada em “piscinas” a céu aberto, que evapora provocando chuva ácida e contaminando o solo, tornando-o infértil para a pecuária e agricultura.

A moratória representa apenas um adiamento do fracking

Com a poluição do ar pelos gases liberados pelo fracking, as pessoas que vivem no entorno dos poços estão expostas a doenças como os mais variados tipos de câncer, infertilidade, abortamentos e doenças respiratórias crônicas, entre outras graves enfermidades. Os animais também são impactados.

Além dos impactos ambientais, econômicos e sociais, o fracking também provoca terremotos, uma vez que o subsolo é “bombardeado” sistematicamente, e intensifica as mudanças climáticas, uma vez que o metano liberado é um gás de efeito estufa 86 vezes mais potente que o dióxido de carbono, resultado da queima do carvão e petróleo.

Com a aprovação da moratória de dez anos para operações de fracking no Paraná, é como se alguém perguntasse a você: “Prefere ter câncer daqui a dez anos ou nunca?”; “Quer ver a nossa agricultura e economia devastadas pela contaminação química do solo para sempre?”; “Prefere ter gás não convencional a água e ar puros?”; ou “Quer viver sob intensos e catastróficos terremotos provocados pelo fracking?”

Por isso é muito importante que as cidades que estão na rota do fracking aprovem projetos de lei que proíbam definitivamente a extração do gás de xisto. Mais de 200 municípios já estão protegidos, pois legislam pelo solo, pela saúde das pessoas, protegem as reservas de água e garantem um ambiente saudável e próspero. Desta forma, vamos impedir que a Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP) pare de colocar em risco a vida de milhões de brasileiros.

A Coesus irá intensificar a campanha Não Fracking Brasil para impedir que o fracking aconteça, assim como as pesquisas sísmicas, tão danosas quando a própria tecnologia em si. Vamos continuar a informar e mobilizar a população, gestores públicos e movimentos sociais, ambientais e climáticas, lideranças religiosas, do setor produtivo, do Ministério Público Federal e da academia científica. Nosso movimento defende a vida da devastação da indústria do fracking e dos combustíveis fósseis, exigindo dos governantes a transição sem atalhos para as energias renováveis, 100% limpas, seguras e justas.

Juliano Bueno de Araujo é coordenador de Campanhas Climáticas da 350.org e fundador da Coesus.
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