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Felipe Lima

Na mesma semana em que morreu o ditador, assassino e homofóbico Fidel Castro, foi divulgado o resultado de uma pesquisa segundo a qual o Brasil teria diminuído sua desigualdade – todas as classes sociais, em média, ficaram mais pobres.

Há alguns anos, a esquerda mundial (e, em especial, a brasileira) vem destacando que o problema do mundo (e do Brasil) é a desigualdade. Ora, este não é, nem nunca foi o problema do Brasil, nem de Cuba, nem de qualquer lugar do mundo. A pobreza é o problema!

Antes de Fidel dar um golpe de Estado sanguinário e assumir o poder em Cuba, esse país gozava de índices de alfabetização, condição de vida e médicos por habitante muito acima da média de quase todos os países da América Latina. Depois de sua morte, diversos jornais alegaram que Fidel diminuiu a desigualdade para quase toda a população cubana. Isso realmente é verdade: hoje praticamente todos os moradores daquela ilha-prisão são pobres e estão numa situação de penúria. A família Castro, obviamente, não está nessa mesma situação; afinal, uns são mais iguais que os outros.

Fidel diminuiu a desigualdade em Cuba: hoje praticamente todos os cubanos estão em situação de penúria

Margaret Thatcher, quando era primeira-ministra do Reino Unido, participou de um debate com um membro de um partido de esquerda no Parlamento. Na ocasião, ela afirmou que o sonho daquele parlamentar era de que o gap (diferença) entre os pobres e os ricos diminuísse, ficando todos mais pobres, em vez de tanto os pobres quanto os ricos ficarem mais ricos, o que acontece nos países que apostam nas ideias de liberdade pelo mundo. O sonho desse parlamentar está ocorrendo no Brasil: estamos todos, em média, mais pobres.

O saudoso Roberto Campos – principalmente o Campos do fim da vida, aquele que afirmava que, se pudesse voltar no tempo, não teria perdido tempo com péssimos economistas e teria lido muito mais Hayek – disse que “o capitalismo é o sistema que distribui desigualmente a riqueza, e o socialismo é o sistema que distribui igualmente a pobreza”. O estado natural do homem é a pobreza, e foi por meio de poupança, produção e trocas voluntárias que o homem passou a experimentar uma riqueza nunca vista antes no mundo. Para mudar a situação de pobreza no Brasil, precisamos passar a valorizar essas três condições.

A primeira condição é a poupança. O Brasil é um país pobre. Sim, mentiram para você: temos um PIB alto, mas, se dividirmos esse PIB pelo número de pessoas no Brasil, fica claro que somos um povo demasiadamente pobre. Para mudar isso, precisamos aumentar nossa poupança. Para comparar, o Japão tem em poupança hoje seis vezes o seu PIB; os Estados Unidos, cinco vezes o seu PIB.

A segunda condição é a produção. O empresário no Brasil é tratado como um criminoso, e precisamos mudar isso. Ele é o gerador de riqueza, o motor que move a mudança e que pode tornar a vida das pessoas mais rica e próspera. Precisamos dar condições para que o empresário inove, modificando a absurda burocracia brasileira, as legislações esdrúxulas e, principalmente, a visão de que concurso público é melhor que um empreendimento. Precisamos, para já, de menos concursos e mais empreendedorismo.

Por fim, valorizemos as trocas voluntárias. O capitalismo não é um jogo de soma zero; quando você compra um pão, você ganha e o padeiro ganha, ambos nessa troca respondendo, de forma voluntária, com um “muito obrigado”. Poderíamos considerar o comércio como sinônimo de paz pelo mundo. Dois países que têm McDonalds nunca entraram em guerra. O Brasil caiu nos últimos anos mais de 20 posições no índice de liberdade econômica da Heritage, e mudar isso é essencial para combatermos a pobreza.

Rodrigo Saraiva Marinho, mestre em Direito Constitucional, é membro do Conselho Administrativo do Instituto Mises Brasil.
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