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| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Tudo começou quando milhões de brasileiros, liderados por movimentos democráticos como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua (VPR) saíram às ruas pedindo a saída de Dilma Rouseff, em março de 2015, dando início a uma série de outras manifestações impulsionadas pelo desejo de livrar o país de uma corrupção endêmica e, ainda, frear um dos maiores projetos corruptos de poder que o Brasil já viu.

Pois é.

O principal coro desses movimentos foi – e deveria continuar sendo – a condenação da corrupção e a defesa da legalidade. No entanto, mesmo diante da sequência de denúncias envolvendo o presidente Michel Temer e seus aliados, esses mesmos movimentos se calaram. E, junto a isso, vem outra preocupação: o que será do Brasil nos próximos meses até as próximas eleições em 2018?

Os movimentos deveriam continuar exercendo seu papel nas ruas, em vez de se limitarem às mídias sociais

A absolvição da chapa Dilma-Temer nos deixou evidente que o interesse por uma maior estabilidade política e econômica prevaleceu na decisão dos ministros do TSE, pois, se as denúncias ofertadas pelos delatores fossem aceitas, Temer não estava mais na cadeira presidencial. Evidências de tentativa de obstrução da Justiça e pagamentos de propina e caixa 2 para a eleição da chapa foram colocadas à disposição dos ministros, mas Gilmar Mendes optou por separar as denúncias posteriores à abertura do processo, deixando um caminho menos árduo para Temer e seu grupo.

Não podemos nos furtar ao importante papel que os movimentos deveriam continuar exercendo nas ruas, em vez de se limitarem a postagens em suas respectivas páginas nas redes sociais. O que faz um grupo se manifestar quando uma presidente pedala, mas se calar quando um presidente se envolve com empresários que ajudam a falir ainda mais as contas públicas? Seletividade, medo ou rabo preso?

Leia também:A responsabilidade da sociedade civil (artigo de Marcos Domakoski, publicado em 22 de junho de 2017)

As eleições de 2018 nos trazem muitos possíveis personagens, revelando um verdadeiro cardápio de opções disponíveis aos eleitores, já que podemos ter desde Lula (caso não seja preso) até Jair Bolsonaro e, possivelmente, outras personalidades – o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chegou a citar o apresentador Luciano Huck. Enquanto este movimento não chega, constatamos o “ensurdecedor” silêncio que vem das ruas, diante da pequenez de movimentos que um dia puderam ser grandes.

Felipe Lintz, estudante de Direito, é ex-coordenador nacional do Movimento Brasil Livre.
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