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 | Letícia Akemi/Gazeta do Povo
| Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo

O dia 7 de abril foi escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para ser o Dia Mundial da Saúde. A data foi escolhida por coincidir com a data de criação da OMS. E, neste ano, a depressão foi escolhida como tema da campanha. O objetivo da OMS em escolher esse transtorno como foco em 2017 não é sem propósito, já que a depressão afeta parte considerável da população mundial: em torno de 4,4%. O Brasil está acima da média mundial, com 5,8% de deprimidos, sendo o país latino-americano com maior prevalência dessa condição e perdendo apenas para os Estados Unidos quando consideradas todas as Américas.

A triste notícia é que menos da metade dos depressivos recebe tratamento adequado, o que é essencial para a melhora dos sintomas e a retomada da vida da pessoa. E isso pode ser explicado pelo fato de que há falta de profissionais capacitados nos serviços de saúde. Faltam psiquiatras e psicólogos e a população precisa fazer uma via-crúcis na busca por esses profissionais. Mas isso só não basta. É preciso, também, acesso aos medicamentos antidepressivos. Falhas no diagnóstico e o estigma social dessa doença são outros fatores que dificultam o tratamento adequado e o retorno da pessoa às suas atividades cotidianas.

Muitas vezes, o próprio indivíduo afetado pela doença não percebe os sintomas ou não os relaciona à depressão. E, mesmo quando nitidamente depressivo, o indivíduo pode relutar em buscar ajuda profissional, por receio de ter de admitir que precisa de ajuda. Alguns interpretam a ida a um psiquiatra como atestado de incompetência pessoal, de fracasso. E a vida contemporânea extremamente competitiva pode não combinar com sinais de falha no desenvolvimento individual.

Ao menor sinal de que algo não vai bem, é preciso conversar

É neste ponto que a campanha da OMS apresenta a maior relevância. Intitulada “Depression: Let’s talk”, enfatiza a importância de se conversar a respeito da depressão, a fim de reconhecer sintomas indicativos desse transtorno e procurar ajuda profissional especializada o mais rápido possível. Os sintomas tanto podem estar presentes em nós mesmos como nas pessoas com quem convivemos. Não que todos estejamos depressivos. A maioria, inclusive, não está. No Brasil, como dissemos, 5,8% da população apresentam o transtorno, ou seja, 94,2% não apresentam a doença. Para essa parcela que sente os incômodos sinais da doença, o diagnóstico preciso e o tratamento seguro e eficaz são essenciais para devolver a vida que havia sido roubada pela doença.

A maioria das pessoas pode não ligar alguns sinais com a depressão, tendo uma percepção equivocada da doença, como se consistisse unicamente na diminuição persistente no humor. É claro que esse é o sintoma mais clássico, mas a pessoa pode apresentar alteração no sono (insônia ou hipersonia), no peso corporal (perda ou ganho excessivo), na cognição (atrapalhando o estudo ou o trabalho) e anedonia (incapacidade de sentir prazer nas coisas que anteriormente eram prazerosas).

O mais importante é o diagnóstico correto. A partir da confirmação do diagnóstico, o melhor tratamento será escolhido, chegando mais rápido ao término desse episódio depressivo. E o melhor tratamento combina psicoterapia com medicamentos. Isolados, têm eficácia limitada, mas, quando combinados, ocorre uma potencialização mútua, trazendo inúmeras vantagens ao paciente.

Portanto, ao menor sinal de que algo não vai bem, é preciso conversar. Muitas vezes, quem primeiro atende um paciente depressivo não é o psiquiatra, mas um médico de outra especialidade ou outro profissional de saúde. A importância do encaminhamento ao serviço especializado é essencial. Vamos incorporar o tema do Dia Mundial da Saúde deste ano e vamos conversar sobre o assunto, que leva a inúmeros problemas incapacitantes e sufocantes para o indivíduo, inclusive ao suicídio, em casos extremos.

Rodrigo Batista de Almeida é professor do câmpus Palmas do Instituto Federal do Paraná (IFPR).
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