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Parece que a grande batalha começou. De repente, artistas, políticos, celebridades (e subcelebridades) e personalidades das mais variadas áreas acham que sua opinião importa. Guerra cultural, ditadura, liberdade de expressão... disfarçada com vários nomes, a batalha por igualdade tomou conta do mundo.

Assim como décadas atrás, uma parte da população luta para ser tratada de forma igualitária. Assim como mulheres lutaram e conseguiram seus direitos, assim como negros lutaram, hoje são os homossexuais que tomam para si as bandeiras dessa briga – bandeiras do arco-íris, nesse caso. Com muito humor, sarcasmo, mas ainda assim batendo firme o pé por seu direito de ser feliz.

Existe, no entanto, um fato que espanta mais do que qualquer outro nessa briga entre Felicianos e Joelmas contra Jeans Wyllys e Danielas Mercurys: quando foi que a orientação sexual de alguém passou a ser fator relevante para seus direitos? É a mesma coisa que afirmar que canhotos têm menos direitos que destros, que ser canhoto é doença (como já se afirmou no passado).

Homossexualidade, como já foi comprovado cientificamente, não é doença, não é opção ou escolha. Quem é gay nasce assim. Ir contra essa natureza é o mesmo que obrigar um gato a latir.

Religiosos elevam suas Bíblias na hora de dizer que Deus criou homem e mulher para estarem juntos e constituir família juntos. Mas se esquecem de que a principal mensagem desse mesmo Deus é de que todos somos iguais e merecemos o amor divino. Não importa cor da pele, sexo ou orientação sexual.

Numa briga que parece injusta, dada a desimportância do que se está questionando (pois orientação sexual não define caráter de ninguém), o estado do Paraná toma para si algumas rédeas e autoriza o casamento civil de pessoas do mesmo sexo. Uma decisão louvável que deveria ser simples. O que estamos julgando? Simplesmente o direito à felicidade de um grupo. Um grupo pequeno, mas que vem se mostrando cada vez mais importante economicamente. O direito ao casamento gay é uma conquista, mas no meio de tanta coisa errada em nosso país, deveria ser um direito já instituído há anos e não estar gerando toda esta confusão.

Quando Joelma se pronuncia comparando gays a drogados, está afirmando seu preconceito. Diz, logo depois, que "ama os gays". Mais ou menos como aquele pai que não se importa se o filho do vizinho é gay, mas não quer que o seu seja. Ser gay não significa nada além de se relacionar com alguém do mesmo sexo. Ponto. Não fará de você um bandido, alguém promíscuo ou uma pessoa melhor ou pior.

Por isso reafirmo que julgar alguém pela orientação sexual é absurdo. Nunca o que um heterossexual fez em sua vida íntima lhe permitiu ter mais ou menos direitos que outra pessoa. Acreditar que alguém não merece ser feliz somente por ser diferente é incrivelmente absurdo. Você não está condenando um criminoso ou alguém que vai interferir na sua vida, somente está impedindo que pessoas iguais a você tenham os mesmos direitos. O que elas fazem entre quatro paredes não importa, assim como o que você faz entre quatro paredes não importa. Pense nisso.

Flávio St Jayme, jornalista e empresário, é sócio-proprietário da agência Clockwork Comunicação.

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