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| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

O futebol é a modalidade esportiva mais popular do mundo e integra a cultura popular de diversas nações. No Brasil, o futebol faz parte do imaginário social como a prática que melhor representa os brasileiros, talvez pelo fato de sermos o país que mais ganhou a Copa do Mundo.

Historicamente, o futebol mundial tem sido atrelado a relatos de violência. Segundo o sociólogo Norbert Elias, o processo civilizador envolve uma mudança no código de conduta, fazendo com que o comportamento selvagem seja reprimido por um maior autocontrole derivado de normas sociais. O autor comenta que as práticas esportivas podem servir para contrabalançar o estresse causado pela necessidade cada vez maior de autodomínio emocional e comportamental.

Nesse sentido, o efeito catártico proporcionado pelas práticas esportivas pode apresentar certo grau de violência. No futebol, isso é visível.

O efeito catártico proporcionado pelas práticas esportivas pode apresentar certo grau de violência

Das peladas nos campinhos dos bairros aos jogos profissionais, cenas de violências entre jogadores e entre torcedores são comuns. É possível relacionar essas atitudes como um reflexo de tensões geradas por diferenças sociais e, no caso brasileiro, à violência presente em vários setores da sociedade. No entanto, tal situação se agrava nos estádios, com grande concentração de pessoas e torcidas organizadas.

No Brasil, uma das medidas adotadas para diminuir a violência no futebol foi proibir a entrada da torcida adversária nos estádios. Em São Paulo, essa ação – implantada em abril de 2016 – tem mostrado números interessantes em relação à diminuição de índices de violência.

Episódios de violência noticiados pelas principais mídias esportivas do Brasil foram analisados em um estudo da UFPR. Antes da implementação da lei, foram veiculados casos de violência em aproximadamente 40% dos jogos, enquanto, no período posterior à medida, a incidência caiu para 11%. No entanto, os autores da pesquisa salientam que é tudo muito recente e maiores conclusões são precipitadas.

Leia também: A escola não pode ficar indiferente às situações de violência (artigo de Hortência Novais, publicado em 16 de maio de 2018)

Leia também: A suspensão da descrença (artigo de Daniel Medeiros, publicado em 17 de maio de 2018)

Em suma, o futebol é parte significativa da história e representa muito para a cultura brasileira. De acordo com Maurício Murad, que estudou práticas de violência e mortes de torcedores no futebol brasileiro, apenas 5% a 7% das pessoas que frequentam estádios apresentam atitudes violentas.

Nesse sentido, não é justo penalizar a grande maioria a partir do comportamento de alguns e impedir o brasileiro de poder se manifestar de forma genuína. Todos têm o direito de ir e vir. Cabe ao Estado e seus poderes identificarem as pessoas que não apresentam comportamento adequado para puni-las adequadamente, sem que os demais torcedores tenham seu direito de liberdade cerceado.

Marcelo Ponestki Oliveira é professor do curso de Educação Física da PUCPR e integrante do Grupo de Pesquisas em Atividade Física e Qualidade de Vida.
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