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Neste último fim de semana ocorreu, em Curitiba, o evento Jane’s Walk, que consiste em uma série de caminhadas guiadas com o objetivo de discutir assuntos relacionados à nossa cidade. Portanto, participam pessoas com diversas profissões e idades, mas todas com o interesse comum de melhorar o espaço em que vivemos. Esse evento já ocorre de forma simultânea em diversas cidades do mundo, e em Curitiba está em sua segunda edição, organizada pelo arquiteto e urbanista Juliano Monteiro.

O nome do evento esta relacionado à escritora e ativista política Jane Jacobs, cuja obra mais conhecida é Morte e Vida de Grandes Cidades, publicada em 1961. Neste livro, Jacobs questiona os princípios racionalistas de planejamento urbano por entender que as cidades deveriam ser pensadas como cenários de vivências, considerando que o espaço público é o local onde se dá a convivência de uma sociedade.

Perceber que a cidade é construída por todos nós é fundamental

Entre as diversas temáticas discutidas no evento, uma das caminhadas, promovida em parceria com a rede Minha Curitiba, integrante da startup de mobilização cívica Nossas Cidades, trouxe uma reflexão importante com relação ao papel transformador que nós, indivíduos, temos na cidade em que vivemos.

Projetos como a Praça de Bolso do Ciclista são emblemáticos ao demonstrar uma intervenção na cidade realizada a partir da atuação de cicloativistas que tinham por objetivo requalificar um espaço central de Curitiba, a partir de uma ação coletiva. A Praça trouxe uma nova dinâmica à região, nos moldes do que preconizava Jane Jacobs ao defender o uso e a ocupação dos espaços públicos pelas pessoas.

Iniciativas como essa demonstram que a atuação de pessoas voltadas a transformar determinada realidade tem sido um novo componente na gestão urbana, que não se resume mais ao poder institucionalizado ou à democracia representativa. Ou seja, a ação sobre as cidades não se confunde mais com o governo local, mas obviamente o inclui.

Existe uma inquietação por dar resposta aos nossos problemas urbanos, que tem encontrado em eventos como esse espaços de articulação, reflexão de ideias e intercâmbio de experiências que podem ser valiosos em processos de intervenção urbana e alteração de nossas realidades. Perceber que a cidade é construída por todos nós é fundamental para aprofundar discussões e debates que se convertam em soluções adequadas às demandas sociais.

Letícia Nerone Gadens, arquiteta e urbanista, mestre e doutora em Gestão Urbana, é professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Positivo.
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