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| Foto: Robson Vilalba/Thapcom

Em evento realizado na sede da Prefeitura de Curitiba, em 14 de novembro, as empresas de ônibus e a Urbs anunciaram um novo começo para o abandonado transporte coletivo dos últimos anos. Esse processo teve início com o fim das disputas judiciais, o planejamento da renovação da frota e a criação de grupos de trabalho para tirar o sistema do rumo do colapso e colocá-lo no caminho da eficiência. A ideia por trás de todas as medidas que serão tomadas a partir de agora é beneficiar quem hoje já utiliza o ônibus e atrair novos passageiros. Nesse sentido, a modernização do transporte coletivo é fundamental, e a bilhetagem eletrônica é um dos itens a serem aperfeiçoados.

De início, o novo modelo deve ter como premissa a transparência, para que as desconfianças existentes hoje não se perpetuem amanhã. Os números sobre os passageiros transportados e suas classificações – pagante de tarifa cheia, meia tarifa, isento – devem estar ao acesso de toda a população. Como o total de passageiros divide os custos, isso vai permitir que a sociedade debata que tipo de transporte coletivo quer manter.

Além disso, a transparência também vai levar a sociedade a refletir de maneira mais profunda as gratuidades no transporte coletivo, sabendo que, toda vez que um grupo é agraciado com o não pagamento da tarifa, a passagem aumenta para aqueles que ficaram à margem do benefício.

A transparência também vai levar a sociedade a refletir de maneira mais profunda as gratuidades no transporte coletivo

É essencial, ainda, que a nova bilhetagem eletrônica conte com os métodos mais modernos de combate a fraudes, como a biometria facial. No momento em que o passageiro passa o cartão pela catraca, o sistema tira fotos de seu rosto e compara com a imagem previamente cadastrada no banco de dados. Se houver divergência, o cartão é bloqueado. Isso impede que pessoas que não têm benefícios tarifários utilizem o cartão daquelas que têm direito e, com isso, encareçam a passagem dos demais.

A nova bilhetagem, porém, só vai funcionar de maneira adequada se mais pessoas pagarem a tarifa com cartão transporte em vez de dinheiro. Hoje, em Curitiba, apenas 60% dos pagamentos são feitos em cartão. É preciso elevar esse porcentual. E para que isso aconteça é necessário facilitar a compra do cartão. Adquiri-lo tem de ser simples, rápido e fácil, com pontos de venda espalhados por toda a cidade. O uso do cartão não apenas garante um controle financeiro mais eficiente, como agiliza o embarque nos ônibus e traz mais segurança ao sistema, pois diminui o dinheiro em circulação nos veículos, o que reduz a ocorrência de assaltos. Campo Grande (MS), São Paulo (SP), Cascavel e São José dos Pinhais, no Paraná, são bons exemplos da queda quase total de roubos dentro dos ônibus com a alta expressiva (mais de 90%) do uso do cartão transporte.

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Um outro avanço possível é a expansão da integração temporal, em que o passageiro, dentro de um determinado período e sentido e sem a necessidade de utilizar os terminais, pode pegar mais de um ônibus pagando apenas uma tarifa. Isso, é claro, ainda vai depender das pesquisas de origem e destino e de estudos aprofundados para que a viabilidade dessa medida seja avaliada. Mas é uma possibilidade! Assim como outras ideias que as empresas de ônibus têm, incluindo parcerias para oferecer gratuitamente rede wi-fi e aplicativos de celular com trajetos, horários e localização do veículo em tempo real, entre outras facilidades.

O grupo de trabalho relativo à bilhetagem eletrônica prevê que os recursos financeiros do cartão transporte sejam administrados pela Urbs, em conta pública, e que as empresas fiquem com a operação do sistema. As operadoras estudam, ainda, implantar a bilhetagem a custo zero à planilha tarifária, a fim de não repassar nenhum aumento aos passageiros neste item.

Chega de olhar para trás. É preciso repensar o sistema, quebrar paradigmas e resgatar o orgulho dos curitibanos com sua frota de ônibus. Aos poucos, de degrau em degrau, com o trabalho das operadoras em conjunto com a Urbs, Curitiba vai subindo novamente ao seu lugar de referência em transporte coletivo. E a bilhetagem é mais um passo rumo a esse futuro.

Mauricio Gulin é presidente do Setransp, sindicato que representa as empresas de ônibus de Curitiba e região metropolitana.
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