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O agravamento da crise econômica desde a virada do ano gerou profunda apreensão entre os empresários – sejam grandes ou pequenos empreendedores –, situação de insegurança e desânimo que acabou contaminando também os consumidores, especificamente os mais humildes.

Os primeiros indicadores do novo ciclo anual mostram, sem rodeios, que as famílias da classe C – a chamada nova classe média – foram fortemente atingidas, vendo-se, de uma hora para outra, constrangidas a reduzir de modo sensível os índices de consumo.

O ministro Joaquim Levy disse, há alguns dias, a investidores de Nova York que o PIB de 2014 poderá ser negativo. A última edição do Boletim Focus do Banco Central já projeta o encolhimento de até 0,58% do PIB em 2015, reconhecendo não só que as dificuldades serão crescentes, mas chamando a atenção para o fato de que analistas do mercado consideram a recessão como uma consequência real.

Com efeito, a população será mais uma vez chamada a pagar a elevada conta proveniente da má gestão da economia nos últimos anos, fruto da aventura que resvalou na demagogia e no populismo, como as flagrantes deturpações no setor elétrico que afetaram gravemente a estabilidade do sistema, e que podem forçar o racionamento de energia elétrica nos próximos meses.

Não se pode permitir que o ambiente já carregado de incertezas dê espaço ao discurso do ressentimento contra o setor produtivo, alimentado por ideologias retrógradas

O governo anunciou uma série de medidas corretivas que precisam dar certo agora – e há muita dúvida quanto a isso – para que apenas a partir do primeiro semestre de 2016 haja alguma luz no fim do túnel, antecipando-se pelo menos dois anos de pesados contratempos para todos.

A partir de agora também os índices de desemprego não serão tão confortáveis como nos últimos anos, até mesmo porque tais indicadores vinham sendo mascarados por distorções, como os abusos na utilização do seguro-desemprego.

Mesmo prestes a entrar na tempestade, não façamos papel de porta-vozes do pessimismo, deixando de lado a responsabilidade de alertar para a necessidade do enfrentamento das adversidades.

União de esforços é a palavra de ordem para o momento em que se torna imprescindível a remoção das diferenças entre empresários e empregados, que devem passar a agir como aliados.

Não se pode permitir que o ambiente já carregado de incertezas dê espaço ao discurso do ressentimento contra o setor produtivo, alimentado por ideologias retrógradas que pregam o confronto entre capital e trabalho. Patrões e empregados, mais que nunca, devem ser parceiros na defesa de interesses comuns.

Empresas que arcam com alta carga tributária, crescimento da despesa e queda nas vendas, fatores que tornam inevitável o prejuízo, podem se tornar inviáveis a ponto de gerar desemprego e falência. Por outro lado, foi a economia de mercado que melhorou o padrão de vida de milhões de pessoas em todos os continentes, além de garantir os grandes avanços civilizatórios, da medicina à tecnologia inovadora aplicada ao cotidiano.

É em momentos de crise que empregadores e empregados devem fortalecer ainda mais a união como elemento fundamental para a travessia da tormenta e a esperança de que o país volte a crescer.

Antonio Miguel Espolador Neto, empresário, é presidente da Associação Comercial do Paraná.
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