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 | Ivan Amorin/Arquivo Gazeta do Povo
| Foto: Ivan Amorin/Arquivo Gazeta do Povo

O sucateamento do ensino público superior no estado do Paraná chegou a um patamar insustentável e deixa as universidades com o pires na mão, minguando por recursos para situações básicas. Além dos cortes de investimentos, o governo do estado quer tirar a autonomia das instituições, por meio da adesão ao chamado “Meta 4”. O programa é um sistema operacional de despesas de pessoal que supostamente serviria para controlar os gastos dos órgãos de administração estadual. Porém, já existem inúmeros mecanismos para isso e fica a desconfiança de que o sistema vise a ingerência política e a limitação administrativa, além da autonomia das universidades.

As universidades estaduais que se negaram a aderir ao sistema sofrem com a falta de recursos, que atinge desde as bolsas estudantis até a própria manutenção de serviços básicos dos prédios. Se o governo do estado quer fazer ajuste fiscal e equilibrar gastos, deveria cortar os desperdícios, que nós sabemos serem cada vez mais frequentes no dia a dia do governo do estado do Paraná. Além de toda a desvalorização dos professores e professoras e da falta de diálogo com estudantes, o governador está bloqueando, agora, os repasses de recursos, em uma tentativa de retaliação contra essas entidades.

Não podemos esperar que a situação das nossas universidades fique cada vez mais caótica

Mais uma vez, o governo do estado deixa claro que sua meta é reduzir custos, não importam as consequências e o preço a ser pago pelo ensino público. Há anos, percorro os municípios no Paraná e vejo a situação dos prédios, escuto as queixas de alunos e educadores sobre a falta de interesse e de negociação com o poder público estadual.

A Universidade Estadual de Londrina (UEL), a Universidade Estadual de Maringá (UEM) e a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) estão no seu direito de defender que sua autonomia orçamentária seja respeitada e que o governo leve em conta a dinâmica própria de cada instituição para isso.

O quadro que se apresenta com as decisões do governo é o de universidades com dinheiro bloqueado para despesas mais básicas, como material de consumo, custos com alunos, atividades de ensino, bolsas de graduação ou qualquer serviço prestado por empresas. É essa a “educação de qualidade” que o governo estadual apresenta à população do Paraná.

Leia também:  As “estaduais” nos tornam adultos (editorial de 4 de abril de 2015)

Não podemos esperar que a situação dos alunos, dos professores, das nossas universidades fique cada vez mais caótica. A educação não pode ser alvo de retaliação, de corte de gastos para equilibrar as contas do governo. As universidades estaduais deveriam ter seus investimentos ampliados; a situação deveria estar melhorando com a ampliação de vagas, investimentos em pesquisa e extensão e o apoio à formação superior. Investir em educação é assegurar o desenvolvimento do estado no futuro e não deixar que nossas universidades sigam o caminho contrário e morram à míngua.

Zeca Dirceu é deputado federal (PT/PR).
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