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No dia 6 de dezembro ocorrerão as eleições legislativas na Venezuela. Um pleito marcado pelas trapaças de Nicolás Maduro e pelas dúvidas quanto à lisura do evento, levando em consideração que os observadores internacionais sumiram (o primeiro a anunciar que não participaria como observador foi o ex-presidente americano Jimmy Carter), em decorrência da falta de garantias por parte do governo venezuelano, ou simplesmente devido à agressiva atuação de Maduro para impedir que a fiscalização do pleito fugisse ao seu controle.

A única entidade internacional autorizada para fazer a vistoria do evento foi a Unasul, criação do finado Hugo Chávez e que sempre faz o que os bolivarianos querem, haja vista que o seu secretário-executivo é Ernesto Samper Pizano, o ex-presidente colombiano que, décadas atrás, protagonizou o que hoje o PT faz no Brasil: a corrupção generalizada para se perpetuar no poder. O Brasil, que sob o império lulopetista dobrou a coluna vertebral diante dos bolivarianos, engoliu em seco a humilhante decisão de Maduro de rejeitar a indicação por Dilma do ex-ministro Nelson Jobim para que presidisse a comissão da Unasul que acompanharia as eleições. Em mais uma humilhação do governo petista, foi rejeitado também o nome do ex-chanceler Celso Amorim, apresentado às pressas para substituir Jobim.

Maduro mostrou-se intolerante e violento para com a oposição quando esta exigiu que fosse criado um novo Tribunal Eleitoral independente

O governo Maduro tomou todas as providências para que o resultado das urnas não fuja ao seu controle. Em primeiro lugar, a empresa encarregada de indicar os eleitores hábeis foi entregue a uma empresa cubana que já protagonizou, em eleições passadas, verdadeiras orgias de falsificação, ao arrolar sistematicamente os defuntos entre os eleitores, fato atestado por uma comissão do Senado americano que estuda as eleições e pela Universidade Católica Andrés Bello, de Caracas. Como diria Érico Veríssimo (lembrando a frase dos positivistas gaúchos), na Venezuela chavista “os vivos são governados pelos mortos!”

Em segundo lugar, Maduro colocou na cadeia as principais lideranças da oposição: Antonio Ledezma (prefeito de Caracas) e Leopoldo López. Eles amargam pesadas condenações forjadas pela Suprema Corte, a pedido do governo e sem que tivessem sido garantidas nem a livre defesa nem a transparência no processo. Dos 1.799 candidatos inscritos para as eleições legislativas, surgirá provavelmente uma nova Assembleia Nacional obediente ao governo chavista. Seria um verdadeiro milagre se isso não acontecesse.

Maduro mostrou-se intolerante e violento para com a oposição quando esta exigiu, no ano passado, que fosse criado um novo Tribunal Eleitoral independente do governo, que desse à oposição o mesmo tempo concedido aos candidatos oficialistas nos debates na TV. Na época em que essas exigências foram feitas pelo movimento estudantil, houve uma brutal repressão por parte do governo, com um saldo trágico de 43 jovens assassinados pelas forças policiais. Com um quadro desses, Socorro Hernández, presidente do Conselho Eleitoral, pôde afirmar cinicamente em dias passados, ao rejeitar as missões internacionais de observadores independentes: “Diante do avanço significativo do sistema eleitoral e do processo democrático venezuelano, não cabe falar em missões de observação”. Lula diria, novamente, que na Venezuela “há democracia demais”.

Ricardo Vélez Rodríguez, coordenador do Centro de Pesquisas Estratégicas da Universidade Federal de Juiz de Fora, professor Emérito da Eceme e professor da Faculdade Arthur Thomas – Londrina.
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