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| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

No dia 2 de outubro, o futuro dos próximos quatro anos de Curitiba estará, em parte, nas mãos dos cidadãos aptos a votar nas eleições municipais. Essa é mais uma oportunidade para que a sociedade cobre dos candidatos ao Executivo e ao Legislativo municipal mais compromisso com uma educação de qualidade e focada na aprendizagem dos alunos.

Para que essa escolha não seja feita ao acaso, é imprescindível que os eleitores compareçam às urnas cientes do tamanho da responsabilidade de quem vai comandar os rumos da cidade. A capital paranaense tem, segundo dados do Censo Escolar 2015, 371 mil crianças e jovens matriculados na escola, sendo que 35% do total de matrículas da educação infantil ao ensino médio estão na rede municipal, sob gestão da prefeitura.

Entre os maiores desafios do futuro gestor está o ensino fundamental, destino de 70% do investimento municipal dedicado à educação em 2015, de acordo com dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). A rede municipal de Curitiba se mantém acima da meta estabelecida pelo Ministério da Educação (MEC) para os anos iniciais do ensino fundamental (1.º ao 5.º ano) no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Em 2015, alcançou índice de 6,3 pontos, já acima da meta para 2017 (6,2). Entre 2013 e 2015, o índice cresceu 0,4 ponto, o dobro do avanço obtido entre 2009 e 2013.

O caminho para superar as dificuldades de aprendizagem está dado: o Plano Municipal de Educação (PME)

Mas vale destacar que o fato de o índice estar acima das metas não é garantia de que todos os alunos demonstrem aprendizagem adequada – e quanto maior o nível alcançado, mais difícil é avançar. Segundo os dados da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) de 2014, apenas metade das crianças curitibanas matriculadas no 3.° ano do ensino fundamental da rede municipal tinha nível considerado adequado em Matemática. Em leitura, 13% dos estudantes não estavam no nível adequado, enquanto em escrita o porcentual era de 18%. Dificuldades nessa etapa podem se prolongar por toda a vida escolar (e adulta). Por isso, alfabetizar plenamente todas as crianças na idade certa deve ser prioridade.

Já nos anos finais do ensino fundamental (5.º ao 9.º ano), o Ideb de Curitiba manteve-se igual ou acima das metas até 2011, mas em 2013 e em 2015 ficou abaixo. O grande crescimento do índice entre 2013 e 2015, de 4,7 para 5,3 pontos (fruto tanto da melhora do fluxo escolar quanto do desempenho), não foi suficiente para que se alcançasse a meta de 5,4 pontos relativa ao Ideb de 2015.

Seja nos anos iniciais ou nos finais, o caminho para superar as dificuldades de aprendizagem está dado: o Plano Municipal de Educação (PME). Aprovado em setembro do ano passado, o plano dá destaque ao ensino fundamental, contemplado em três metas e 78 estratégias. Os eleitores devem conhecer o documento que contém 27 metas e exigir a congruência das propostas dos candidatos em relação ao plano.

O texto propõe importantes ações para melhorar o desempenho dos estudantes no ensino fundamental. Entre elas, a criação de mecanismos de acompanhamento didático-pedagógico individualizado dos alunos. Tal medida é essencial, porque coloca os alunos no centro do processo de aprendizagem, dando à escola a possibilidade de orientar projetos e atividades em sala de acordo com as necessidades deles.

Toda criança e todo jovem é capaz de aprender desde que haja infraestrutura e metodologias de ensino adequadas ao ritmo de aprendizagem de cada um. As próximas eleições são o momento ideal para que familiares, educadores e alunos curitibanos votem, antes de tudo, pelo compromisso com a educação.

Ricardo Falzetta, jornalista e matemático, é gerente de conteúdo do Todos Pela Educação. Pricilla Kesley é jornalista e repórter do Todos Pela Educação.
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