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| Foto: Matt Dunham/AP/Estadão Conteúdo

O grande Samuel Johnson disse ao amigo James Boswell em 20 de setembro de 1777 que, quando um homem estivesse cansado de Londres, estaria cansado da vida. Adoro a cidade, mas é difícil hoje concordar com Johnson. Porque a Londres de 2017 é muito diferente da cidade que ele amava. Deixá-la, hoje, pode ser uma opção para se manter vivo, ideologicamente são ou até mesmo para um inglês se sentir em casa.

O que quero dizer com isso? Começo a explicar pela ação do terrorista muçulmano britânico Adrian Elms. Na semana passada, em Londres, usando o nome islâmico Khalid Masood, ele matou covardemente quatro pessoas, feriu outras 40 (algumas seriamente) e depois foi morto pela polícia. O grupo terrorista muçulmano Estado Islâmico assumiu a responsabilidade pelo atentado.

Eu dizia que a Londres de hoje é muito diferente da Londres do século 18, mas não só por causa do novo atentado, e sim pelo que se transformaram a cidade e parte do país. Na capital inglesa, a esquerda conquistou uma influência assombrosa e praticamente pauta o debate político e pressiona as políticas públicas de qualquer governo. A liderança do marxista Jeremy Corbyn é a face evidente de uma radicalização que ocorre inclusive dentro do próprio Partido Trabalhista.

Em Birmingham, a segunda maior cidade do país, registra-se a mais alta porcentagem de população muçulmana, cerca de 22%. São tantos os suspeitos de agirem para grupos terroristas que a cidade tem sido chamada há algum tempo de “capital do jihadismo no Reino Unido”.

A Londres de hoje é muito diferente da Londres do século 18

Se no passado recente a cidade foi apontada como exemplo de integração multicultural, essa falsidade não tardou a ser desmentida pela realidade: a enorme concentração de muçulmanos em bairros vizinhos permitiu que eles criassem uma espécie de sociedade paralela, autossegregada e aparentemente intocável pelas autoridades. Em 2014, uma investigação do governo mostrou a infiltração islâmica em 21 escolas públicas onde, com a participação dos diretores, os alunos estavam sendo doutrinados para o islamismo.

Preso diversas vezes por agressão e outros crimes desde que tinha 18 anos, o terrorista Khalid Masood morava em Birmingham e era professor de inglês. Durante um ano, entre 2008 e 2009, viveu e trabalhou em Jedá, na Arábia Saudita, país conhecido por financiar grupos terroristas e ser o grande centro difusor do wahabismo, a ideologia messiânica e jihadista do islamismo sunita.

Até 2013, Masood morou na cidade de Luton, onde o líder muçulmano Anjem Choudary pregava regularmente o jihadismo e fazia a cabeça de jovens para o terrorismo. Choudary está na cadeia por ligação com grupos terroristas como o EI.

Tudo isso aconteceu com o endosso e militância intelectual da esquerda britânica, que incentivou o multiculturalismo, ignorou a formação de terroristas dentro do país e apoiou a imigração em massa não porque gostasse dos imigrantes, mas porque não gostava da Grã-Bretanha. “Víamos os imigrantes – de qualquer parte do mundo – como aliados na luta contra a sociedade estável, sóbria e conservadora que o nosso país ainda tinha no fim da década de 1960”. A confissão foi feita por um ex-marxista, o jornalista conservador Peter Hitchens, num corajoso artigo publicado em 2013 no jornal Mail on Sunday . Hitchens é atualmente um dos poucos que tocam no problema do islamismo no país.

Sucessivos governos Tory e Labour ignoraram a profundidade desse problema – ou não quiseram assumir os riscos políticos de propor uma solução enérgica. O resultado é catastrófico: além dos atentados, 3 mil muçulmanos suspeitos são monitorados 24 horas por dia na Grã-Bretanha e, desde 2016, é alta a probabilidade de ocorrer ataques no Reino Unido. Hoje com um prefeito muçulmano, para muitos Londres já virou Londonistão. Samuel Johnson não reconheceria a cidade que amou como nenhum outro.

A sociedade britânica terá de tomar logo uma decisão acerca do problema islâmico sob o risco de repetir a ingenuidade criminosa do primeiro-ministro Neville Chamberlain ao assinar o Acordo de Munique, em 1938, com o governo de Adolf Hitler. Com sua conhecida verve, Winston Churchill repreendeu Chamberlain com a frase que entrou para a história e que serve para o atual momento: “Entre a desonra e a guerra, escolheste a desonra, e terás a guerra”.

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