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 | Henry Milleo
 /Gazeta do Povo
| Foto: Henry Milleo /Gazeta do Povo

Na semana que passou chamou atenção o atrito entre o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, e sua vice, Mirian Gonçalves. Durante uma viagem do prefeito, Mirian editou alguns decretos com o objetivo de resolver pendências da gestão, como a decretação de utilidade pública para a política habitacional de algumas áreas reivindicadas por movimentos por moradia na CIC.

A equipe de Fruet até agora se recusa a publicar os decretos editados pela vice. Dentre os diversos motivos, alega-se que Mirian não teria observado a responsabilidade fiscal ao editar os decretos, que poderiam gerar novas despesas ao município.

Mas o prefeito, que já cumpre suas últimas semanas de mandato, não deveria sentir-se tão confortável em criticar sua vice. A coragem de Mirian Gonçalves no seu exercício interino da prefeitura contrasta com a total omissão do titular.

Fruet demonstrou uma capacidade rara de desperdiçar oportunidades

Em sua gestão, e na sua campanha à reeleição, Fruet buscou demonstrar com precisão que não podia fazer nada para atender às demandas da sociedade. Diante de qualquer revindicação, o prefeito dispunha de instrumentos para provar que não havia dinheiro, que era ilegal, enfim, que era impossível.

A reação contra uma das raras iniciativas da gestão, que foi realizada pela vice, demonstra que o prefeito ainda não entendeu que é necessário agir na gestão pública. A situação seria totalmente diferente se o prefeito demonstrasse que, em sua gestão, teria sido consolidada uma política habitacional de longo prazo, com objetivos, metas e recursos; e se ele tivesse utilizado todos os instrumentos e oportunidades ao longo do seu mandato para fortalecer os valores da gestão urbana, incluindo mecanismos dessa natureza na Lei de Zoneamento, cuja revisão foi entregue por Fruet a poucos meses do fim do seu mandato.

Fruet demonstrou uma capacidade rara de desperdiçar oportunidades. Quando a sociedade mais esteve disposta a questionar as máfias e os cartéis, ele apaziguou os conflitos com as empresas de transporte coletivo, com prejuízos para a cidade. Quando o término dos dez anos da última revisão do Plano Diretor coincidiam com o período do seu mandato, ele editou uma revisão da lei que enfraqueceu a capacidade de planejar e administrar a cidade.

Mais do que isso: aniquilou, no período de seu mandato, as expectativas que haviam sido depositadas nele, de que faria mudanças verdadeiras na cidade, por não fazer parte dos grupos políticos que o antecederam. A frustração foi tão grande que a cidade trouxe de volta a aliança dos grupos políticos anteriores.

E, diante de uma iniciativa da vice-prefeita, Fruet destila suas críticas. Assim, apenas se confirma sua opção preferencial pelo imobilismo.

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