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 | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Os gringos acharam simpaticíssimas nossas capivaras, que fizeram figuração em algumas categorias olímpicas. Realmente, elas parecem esquilos crescidos. Seria uma perda gigantesca se elas fossem extintas, como em algum momento chegou a parecer que poderia ser possível.

Por outro lado, famílias de capivaras passeando à noite pelas estradas, evidentemente sem luzes de posição, são uma péssima pedida. Surtos de febre maculosa, transmitida pelos carrapatos que habitam confortavelmente o pelame dos bichinhos, tampouco fazem bem à sociedade. Canteiros e hortas devorados por elas no atacado também causam prejuízos sérios.

Capivaras são uma riqueza da nossa fauna, e devem, sim, ser protegidas, mas dentro de limites racionais

O problema é que hoje em dia parece ser impossível chegar a um meio-termo adequado, nem tanto ao mar nem tanto à terra. Capivaras são uma riqueza da nossa fauna, e devem, sim, ser protegidas, mas dentro de limites racionais. Elas não são nem podem ser bem-vindas em toda parte, pois – por mais fofas que sejam – no lugar errado elas causam problemas sérios. Num meio ambiente intocado, a superpopulação delas seria contida pelo apetite dos jacarés, que – felizmente! – não são (ainda?) tão onipresentes. Se ter capivaras comendo as plantas, enchendo a grama de carrapatos e se enfiando na frente dos carros na estrada já faz delas animaizinhos de difícil convivência, bem pior seria vê-las perseguidas por jacarés nas praças da cidade. Afinal, o mesmo jacaré que come capivaras comeria com apetite cachorrinhos de madame, ou mesmo crianças pequenas. Péssima companhia, ainda que ecologicamente apropriada a combater a superpopulação dos roedores.

Apesar do horror instintivo daqueles que acham que os peitos de frango desossado que compraram no supermercado cresceram dentro da embalagem plástica, é a nós, os seres humanos, que compete combater a proliferação exagerada desses simpáticos porquinhos-da-Índia em versão graúda. A caça às capivaras poderia, por exemplo, ser liberada em épocas do ano que não colocassem a espécie em risco. Os caçadores poderiam até mesmo ser proibidos de usar armas de fogo, devendo os animais ser caçados com arcos e flechas, de acordo com a mais legítima tradição tupiniquim e no mais refinado espírito venatório. Teríamos, assim, todo ano uma época marcada por alegres churrascos capiváricos nos quintais suburbanos, o que me parece bem mais agradável que tê-las abatidas em acidentes automobilísticos graves, o que tem se tornado cada vez mais comum.

A convivência entre capivaras e civilização demanda que esta controle aquelas; sem que isso seja feito, o que acabará por acontecer será o aumento da caça ilegal, ou mesmo do capivaricídio movido por puro espírito de autopreservação, e a espécie estará novamente em risco. Um meio-termo é preciso.

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