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 | Waldemir Barreto/Agência Senado
| Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

No Brasil, os partidos políticos servem para impedir o florescimento da democracia. Enquanto em tese, como vemos em outros países, eles deveriam reunir pessoas – não apenas políticos profissionais! – que partilhassem uma visão comum de futuro para o país, na realidade eles servem de moeda de troca política e, principalmente, para garantir que a representação popular no Legislativo seja distorcida pelo voto de legenda. A população vota nos candidatos, sem se dar conta – ou sem conseguir fazer as contas do resultado – do voto de legenda, e cada campeão de votos leva consigo, pelo voto de legenda, vários outros candidatos desprovidos de votos, ultrapassando os que a população realmente escolheu.

No Congresso, cada um dos 35 partidos tem toda uma série de mordomias à disposição, além de tempo “grátis” de rádio e tevê e uma milionária verba partidária. Dinheiro público, claro; o que é de todos não é de ninguém. Além disso, claro, quem tem mais poder tem mais verbas, mais tempo de propaganda, mais mordomias, de forma a impedir que arrivistas incomodem os verdadeiros donos do poder, nele refestelados há décadas.

O que são os partidos hoje, senão mecanismos de perpetuação da má política?

Algumas raposas felpudas vêm aventando agora, para tentar escapar da perda de popularidade dos acusados na Lava Jato, que o voto passe a ser dado para o partido, em lista fechada, não mais para os candidatos. É uma maneira de impedir ainda mais a representação democrática e distorcer ainda mais a vontade do eleitorado, que acaba na prática sendo vendido pelas raposas dos bastidores do poder. O que são os partidos hoje, senão mecanismos de perpetuação da má política?

Temos bancadas que cumprem as funções dos partidos das democracias, cuidando dos interesses de grupos fechados – ruralistas, progressistas, protestantes, o que for – sem nenhum dos privilégios partidários. Um voto dado a um “puxador de legenda” ruralista, crente ou defensor da legalização da maconha não implica na eleição de outros seus semelhantes, ainda que ele tenha sido votado unicamente por causa dessa sua característica. Ao contrário: os partidos se intrometem e distorcem ainda mais a vontade popular. Mas mesmo assim as bancadas permanecem, e funcionam. Para surpresa de ninguém, funcionam melhor que os partidos, mesmo porque ninguém seria capaz de saber a que vem a imensa maioria das dezenas de partidos que hoje se digladiam pelas mordomias e pela verba milionária que lhes forra a gaiola com nosso dinheiro.

Uma reforma política real no Brasil demandaria o oposto do proposto: precisaríamos deixar de reconhecer os partidos tais como são hoje, reduzindo-os, se forem capazes de sobreviver assim, a bancadas. Assim talvez ficasse visível seu posicionamento político. Como está, é tudo uma farsa.

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