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A Olimpíada será uma linda festa, sem dúvida alguma. Todos os sistemas vão falhar e pouquíssimo do previsto nas agendas oficiais vai acontecer como previsto, mas é exatamente isso o que garante a qualidade das nossas festas. O Brasil não é, nunca foi e nunca será um país moderno e organizado, em que tudo é previsível, organizado, apresentado em perfeita ordem e, por isso mesmo, chatíssimo. Festas brasileiras começam tarde, o banheiro entope, tem-se que fazer uma vaquinha pra comprar mais cerveja na hora em que a festa está bombando, alguém sempre se machuca, mas nem mesmo o mais alucinado dos loucos preferiria ir a uma festa suíça.

A piada que rolava poucos anos atrás se revelou perfeitamente verdadeira: em 2013 tivemos a Jornada Mundial da Juventude (uma festa linda, tornada ainda melhor pelo fracasso da organização em construir em tempo a sede, forçando a mover a festa para Copacabana, que é lugar bom para festa), em 2014 a Copa do Mundo (outra festa linda, com a exceção, claro, do vexame oficial causado por uma seleção que festejou demais e treinou de menos), em 2016 teremos a Olimpíada, e 2015, bom, 2015 a gente “enforcou”, como se faz no Brasil com qualquer dia útil entre festas. As festas são mais importantes, e 2015, efetivamente, foi vivido como uma festa da cidadania, com manifestações populares com as camisetas, ou, melhor dizendo, os festivos abadás da Seleção, que sobraram da festa anterior.

Festas brasileiras começam tarde, o banheiro entope, tem-se que fazer uma vaquinha pra comprar mais cerveja na hora em que a festa está bombando, alguém sempre se machuca, mas nem mesmo o mais alucinado dos loucos preferiria ir a uma festa suíça.

A escolha do Brasil para a Olimpíada, mais ainda logo depois da Copa do Mundo, foi uma jogada demagógica de políticos corruptos, de olho nos porcentuais que sempre lhes são desviados das verbas de obras, como aliás vem vindo à luz graças às investigações que pela primeira vez tocam poderosos. Teria sido melhor se elas ocorressem em outro lugar que não aqui, e os gastos obscenos que sua realização acarretou e acarreta são mais uma ofensa entre tantas outras à população explorada. Mas a festa será linda, porque é isso que sabemos fazer. Não sabemos organizar jogos, nem construir estádios olímpicos, nem, muito menos, gerenciar a complexa rede de serviços necessários para que tudo funcione. Os suíços sabem, os alemães sabem, e os russos até conseguem. Mas as nossas festas, ah, as nossas festas! Os gringos voltarão para casa como voltaram os que vieram para a JMJ ou para a Copa: cansados, exasperados com as dificuldades absurdas e imprevistas, mas extasiados por terem podido fazer parte de uma festa tão bonita, tão alegre, tão gostosa. É isso que sabemos fazer, e é nisso que transformaremos as Olimpíadas, como transformamos a JMJ e a Copa.

Sejam bem vindos, viajantes: não queríamos Olimpíada, mas queremos, sim, cantar e dançar com vocês. Curtam a festa.

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