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As pessoas lidam com más notícias de modos curiosos. Antigamente se matava o mensageiro, hoje alguns destroem o telefone. É o que os psicólogos chamam de etapa de negação. Os negacionistas das alterações climáticas estão ainda lutando para aceitar o fato de que o clima está mudando, e com ele nosso modo de vida. Uma estirpe particular de negacionistas deseja recriar só para si um clima mais frio usando ar-condicionado, como se a energia para seu funcionamento viesse de algum outro planeta.

O mundo está esquentando e enriquecendo e infelizmente usando ar-condicionado cada vez mais. Nosso grande irmão do Norte (de quem copiamos o hábito insalubre de confundir habitação com geladeira) consome mais energia com ar-condicionado que toda a África, e não é para menos; eles usam a temperatura realmente baixa e as casas, geralmente de madeira, oferecem pouco isolamento para o calor externo. Tudo fica pior com os recordes de temperatura alta que vêm se sucedendo.

As paredes horríveis com ar-condicionado em Mumbai ou na China (veja em http://ambienteporinteiro-efraim.blogspot.com.br) não mostram uma realidade pior que a bela casinha no subúrbio norte-americano, mas que é termicamente equivalente a uma geladeira escancarada. A única diferença é que os Estados Unidos vêm gastando um absurdo de energia com ar-condicionado há décadas, enquanto a Ásia entrou neste jogo antes de ontem.

Faz séculos que conhecemos alternativas para melhorar o clima de nossas construções. Comecei a criar minha fama de maluco com os construtores de minha casa quando passei dias e dias girando uma maquete ainda no terreno vazio. Uma mudança de míseros 5 graus na orientação da casa fez com que o sol passe exatamente por cima, deixando-a fresca no verão. Com o sol entrando pela face norte no inverno, ela dispensa aquecimento. Foi difícil convencer o construtor que eu não queria um split, e que também não queria deixar a instalação pronta para um. Todas as casas agora têm...

Ainda pior que o gasto de energia presente é que o uso continuado de ar-condicionado causa dependência futura. Depois de um tempo, já não estamos mais confortáveis com 25 graus, e também nos acostumamos a usar mais roupa que o necessário. Por que não o modo de vestir australiano, que considera o respeitável short na altura dos joelhos uma vestimenta socialmente aceitável?

Em vez de tentar negar o óbvio, use uma roupa mais leve e ajude a esfriar não só o planeta como também a própria cabeça.

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