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Ambiente é mais que somente natureza. O ar que se respira dentro da cidade, por exemplo, afeta diretamente a saúde de muito mais gente do que algum aspecto obscuro de uma floresta distante. Ainda mais presente é o ambiente em seu trabalho. Houve tempo em que, como faz a indústria do petróleo hoje, a indústria do tabaco plantava dúvidas nos jornais e na tevê sobre os efeitos do cigarro para as pessoas. Há poucos anos ficamos livres do fumo passivo, mas há outros problemas.

À semelhança dos cassinos, shopping centers e supermercados não permitem luz do sol para que consumidores não percebam o tempo passar. Isto seria somente uma questão entre eles e seus clientes, não estivessem os funcionários forçados a viver neste ambiente por anos a fio. Sempre achei que esta história de falta de luz fosse uma frescura de escandinavos naturalmente depressivos, até que morei em um lugar onde o sol nascia às 10 horas e se punha às 15 horas. Por outro lado, a energia elétrica possibilitou também noites iluminadas; grandes cidades começam a perceber os efeitos fisiológicos para muitas espécies, incluindo o Homo sapiens. A insônia é um deles.

Igualmente, o ar condicionado ficou comum nas últimas décadas. Tinha dez anos quando meus pais me levaram ao Rio de Janeiro e conheci aquele gelo. Como o crime já prescreveu, posso contar que meu pai até soltou a grade para gelar um suco lá dentro da geringonça. Hoje pouco se pensa em orientação do sol e ventilação. Os árabes conseguiam diferenças de mais dez graus com o exterior, fazendo uma ventilação tocada justamente pela diferença de temperatura. Esse ar, ainda por cima, passava por um recipiente com água, também aumentando a umidade do ambiente. Isto há 5 mil anos! Hoje, preferimos gelar ambientes e funcionários junto. A onda dos shopping centers abertos, os boulevards, ainda demorará para chegar aqui.

O ambiente de trabalho inclui os ruídos e músicas, também. Escravos egípcios, assim como os do sul dos Estados Unidos, tinham música sempre. Música rítmica, que estabelecia a sincronia na hora de remar ou acelerava a colheita do algodão. Hoje, fones de ouvido trazem uma música que é pouco mais que batida de tambores para aumentar a produção. Os escravos de hoje trazem esta coisa ao ouvido em tempo integral. Por vontade própria, esses neoescravos, tanto os braçais quanto os intelectuais, se submetem a este ruído estimulador da produção em tempo integral, aumentando suas horas de submissão a um ponto sem paralelo na história da (des)humanidade.

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