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 | Antônio More/Gazeta do Povo
| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Esta Gazeta do Povo passará pela maior mudança de sua história, deixando de circular em papel todos os dias a partir de junho, apostando no formato virtual. Se dará certo, só o tempo dirá. No Paraná – mais especificamente, Curitiba – o sentimento é de luto, o que é compreensível, afinal, quem tem o hábito de ler jornal costuma lê-lo em papel. Ainda que leia também pela internet, não é a mesma coisa. E é verdade isso. Mas não me encontro no time dos viúvos, não. Como disse um amigo, fazendo uso do inglês: o pessoal se preocupa mais com o paper do que com o news de newspaper. E é muito verdade também.

Mas o mais significativo, no meu entender, foi a decisão de publicar as convicções que fundamentam e orientam seu trabalho. Se alguém tiver notícia de algo semelhante na história do jornalismo brasileiro, me avise, por favor. Mas desconfio não tem mesmo. São diversos editoriais permanentes, sempre à disposição do leitor, para que saiba o que pensa a Gazeta do Povo sobre o homem, a sociedade e, por fim, o Estado. Isso é algo tão raro e tão significativo que merece toda a atenção e análise. Hoje me deterei nas convicções sobre o homem e como isso implica em uma determinada visão de sociedade.

O fundamento de todas as convicções está na dignidade do ser humano

O fundamento de todas as convicções está na dignidade do ser humano. À primeira vista, nada de novo, apenas explicita o que é a base da civilização ocidental moderna. Porém, o mais interessante aqui é o alcance dessa noção para a Gazeta, o que ela deixa explícito como raramente se vê. A dignidade deve ser preservada a partir da concepção – colocando-se, portanto, frontalmente contra o aborto – e orientada em virtude da excelência possível do ser humano: “O homem cabal é, sobretudo, o homem virtuoso, mesmo quando seus dotes intelectuais ou sua formação cultural não sejam os melhores ou mais completos”.

Nesse sentido, é preciso defender e promover a família, o primeiro solo onde as virtudes devem ser plantadas para dar frutos, o que exige resgatar o verdadeiro sentido do casamento, com a consequente valorização da mulher: “O caminho para tal, é preciso dizer, não está na imposição jurídica, mas em uma necessária e verdadeira educação a respeito do significado do casamento, para que mais pessoas compreendam o desafio apaixonante que reside nesta união. Desafio, porque se trata de crescer nas virtudes – das quais uma das mais importantes é a fidelidade, sem a qual não se pode construir a confiança mútua que está na base não apenas do relacionamento conjugal, mas também de toda relação que constitui uma sociedade. Apaixonante, porque mexe com nossos anseios mais profundos e nos permite atingir a realização e a felicidade que todos buscamos”.

Da família para a sociedade, cujo fim é a realização de um bem comum, que nada mais é do que “o conjunto de condições de uma sociedade que facilita a cada cidadão alcançar a sua plenitude. (...) E, dentre aqueles componentes imateriais do bem comum, parece-nos que o mais decisivo, o que teria maior impacto no bem-estar geral, seria a existência, na sociedade, de uma convicção amplamente difundida de que há uma excelência moral que deve ser perseguida; mais, que merece ser perseguida. Convicção amplamente difundida e, pelo menos, concretizada na vida de muitos cidadãos. A convicção de que as virtudes são o que há de mais valioso na vida humana é o melhor alicerce para se construir uma sociedade promissora”.

Nem tenho muito o que comentar, só assinar embaixo. É uma honra fazer parte deste jornal.

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